Dilma usa TV para exaltar governo e atacar tucanos


A presidente Dilma Rousseff aproveitou pronunciamento nacional em rádio e TV ontem para anunciar novas medidas econômicas, exaltar decisões tomadas em seu governo e criticar a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Apesar dos oito trimestres consecutivos de crescimento fraco, Dilma adotou um tom ufanista para, na véspera do Dia da Independência, fazer uma análise otimista do cenário econômico nacional.
Para a presidente, o Brasil enfrenta uma "redução temporária no índice de crescimento" e está, na verdade, diante de um "novo e decisivo" salto na economia.
A "nova arrancada", segundo ela, será calcada no aumento da competitividade, com a redução de custos de produção e de preços, melhora da infraestrutura e da educação, entre outras medidas.
"No médio e no longo prazo", disse a presidente, o Brasil será "um dos países com melhor infraestrutura, com melhor tecnologia industrial, melhor eficiência produtiva e menor custo de produção".
O pronunciamento, que durou 11 minutos, o mais longo do ano, acontece um mês antes das eleições municipais e num momento em que o PT, partido da presidente, enfrenta desgaste devido ao julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal).
PRIVATIZAÇÕES
A presidente fez questão de diferenciar o modelo de condução da economia do adotado durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso.
Sem citar o tucano, Dilma afirmou que " antigo e questionável modelo de privatização de ferrovias (...) torrou patrimônio público para pagar dívida, e ainda terminou por gerar monopólios, privilégios, frete elevado e baixa eficiência".
Ao falar do modelo atual, Dilma usou o termo "concessões". "Nosso sistema de concessão vai reforçar o poder regulador do Estado para garantir qualidade, acabar com monopólios e assegurar o mais baixo custo de frete."
Nesta semana, a presidente rompeu uma até então relação de cordialidade e afagos para divulgar uma dura nota contra o tucano, que, em artigo, havia criticado principalmente o PT e a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e padrinho político de Dilma.
FHC havia chamado de "herança pesada" o legado deixado por Lula.
Em nota oficial, Dilma subiu o tom: disse que Lula era um "exemplo de democrata" que "não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse", se referindo à mudança que permitiu um segundo mandato ao tucano em 1998.
Dilma afirmou ainda no pronunciamento que o Brasil atravessou a crise em melhores condições do que o resto do mundo.
"Ao contrário de outros países, o Brasil criou nos últimos anos um modelo de desenvolvimento inédito, baseado no crescimento com estabilidade, no equilíbrio fiscal e na distribuição de renda. (...) Nem mesmo a maior crise financeira da história conseguiu nos abalar fortemente".

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