Lula, o PT, os réus e os
advogados, perplexos, vinham aceitando o julgamento do mensalão como
quem vai para o matadouro. Isso mudou. Lula convocou a general Dilma
Rousseff, rearticulou as tropas e partiu para o contra-ataque no STF e
na campanha.
Bastou uma reunião de Lula com José Dirceu, o
advogado Márcio Thomaz Bastos e o petista Sigmaringa Seixas para tudo
ganhar nova dinâmica -e a "apolítica" Dilma perder velhos pudores e
entrar em ação.
De repente, Dilma deu de ombros para as inevitáveis críticas e nomeou Mar
ta Suplicy para a Cultura, dias depois de a senadora rebelde subir nos palanques e reforçar os programas de Fernando Haddad.
A
própria presidente desistiu de esperar o segundo turno e mergulhou na
campanha de Haddad, mesmo sabendo que os aliados -como o PRB de
Russomanno- iriam gritar. E usou o cargo e o governo para avisar ao
eleitor paulistano: olhe bem, com Haddad, creches e moradias vão sair...
Só com ele?
No Supremo, o revisor Lewandowski absolve os
mequetrefes (abrindo caminho para absolver os poderosos?), enquanto Dias
Toffoli rasga a fantasia e assume ostensivamente o discurso do PT: o
valerioduto foi provado, mas já existia em Minas (com o PSDB) e é
diferente do mensalão, "cena de um outro capítulo". Qual?
Dilma
indicou para o STF um nome acima de qualquer suspeita (e de qualquer
partido): Teori Zavascki, maduro (64), experiente (do STJ) e preferido
de Gilmar Mendes e de Nelson Jobim, que, de petistas, não têm nada. No
dia
seguinte, Zavascki já estava no Senado, articulando a sabatina. No
segundo dia, em pleno recesso branco, Renan Calheiros (PMDB) apresentava
parecer acolhendo a indicação. Sangria desatada.
Zavascki
tornou-se uma incógnita. Ele já disse que não conhece os autos. Para não
votar? Ou para pedir vistas? Se pedir, rompe-se o que Lula mais teme: o
entrelaçamento eleição-condenação de Dirceu.
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