Barbosa afirma que delator Roberto Jefferson também cometeu crime de corrupção passiva

Joaquim Barbosa, relator do mensalão, votou pela condenação dos réus do PTB. Entre eles o presidente da legenda, Roberto Jefferson, sobre quem o ministro declarou: “Cometeu o crime de corrupção passiva.” A leitura do voto prossegue.
No pedaço do voto já exposto, Barbosa disse que o PTB recebeu da quadrilha “mais de R$ 5 milhões”. Desse total, R$ 4 milhões foram entregues por Marcos Valério diretamente a Jefferson. Deu-se no gabinete da presidência do partido, em duas parcelas: R$ 2,2 milhões e R$ 1,8 milhões.
Então secretário-geral do PTB, Emerson Palmieri testemunhou as reuniões. No dizer de Barbosa, Jefferson agiu com “dolo”. A despeito de ter ciência da má origem criminosa dos recursos, “recebeu nada mais nada menos que R$ 4 milhões do PT.” Alegou ter distribuído a verba a correligionários. Recusou-se, porém, a revelar os nomes dos destoinatários.
“Ora, pagamento nesse volume a um presidente de partido equivale, sem dúvida, a prática corrupta”, disse Barbosa. Para ele, Jefferson não só “solicitou recursos” como “ofereceu em troca a fidelidade e o apoio” dos deputados do PTB ao governo Lula. Tudo isso “com metodologia idêntica” à que foi utilizada pela “engrenagem criminosa” delatada por Jefferson.
“Considero impensável admitir-se que repasses efetuados dessa forma, por meio da estrutura criminosa já comprovada nesses autos, sejam harmonizáveis com o sério excercício da função parlamentar dos beneficiários”, enfatizou Barbosa. Jefferson alegara que o dinheiro provido pelo PT destinava-se a financiar acordos eleitorais de 2004.
Valendo-se de evidências recolhidas dos autos, o relator refutou o argumento. Ecoando a denúncia da Procuradoria, Barbosa atribuiu os repasses à compra de votos na Câmara. Jefferson escala o cadafalso no mesmo dia em que recebeu alta hospitalar. “Essa é a fase decisiva do julgamento”, disse na saída do hospital. É muito angustiante e cruel, mas faz parte da democracia…”

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