Um gato entre pombos: demolindo o golpe da pizza


Ministros discutiram no plenário (Reprodução/TV Justiça)
CARLOS CHAGAS
O ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, armaram uma bomba-relógio para melar o julgamento do mensalão. Melhor dizendo, uma imensa pizza explosiva, que se tivesse tido sucesso, desmoralizaria por completo nossas instituições democráticas. Durante dois anos, Lewandowki foi o ministro-revisor do processo. Leu as mais de 50 mil peças, posicionou-se e preparou um voto que, absolvendo ou condenando os 38 réus, aceitava a decisão três vezes adotada por seus pares, de que todos os acusados deveriam ser julgados pela mais alta corte nacional de justiça.
No entanto, depois da questão de ordem do ex-ministro Márcio Thomas Bastos, Lewandowski mudou de lado. Apresentou magistral mas discutível voto pelo desmembramento do processo, quer dizer, dos 38 réus, 35 não poderiam ser julgados pelo Supremo. Deveriam ser desmembrados e remetidos à justiça de primeira instância, ou seja, começaria tudo de novo para os acusados que não detém mandato parlamentar. Resultado: nem nos próximos vinte anos sairiam as sentenças, tendo em vista o alto número de recursos capazes de beneficiar os réus.
A pergunta que se faz é quanto tempo deveria o ministro ter despendido para elaborar voto tão brilhante e completo? No mínimo dois meses, isto é, estava preparado para dar o dito pelo não dito quando todos acreditavam em sua convicção de aceitar o julgamento pelas regras já estabelecidas. Com todo o respeito, fez o papel de gato no meio dos pombos.
Essa aí é do Carlos Chagas

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