A pérola de ontem no Mensalão


Ao expor a acusação do Ministério Público perante o STF, o procurador-geral Roberto Gurgel realçara uma anomalia monetária típica do escândalo do mensalão: o dinheiro que azeitou o apoio político ao governo Lula não transitou pelas vias normais, usadas pelos brasileiros de bem. Não há um mísera valeriana que tenha chegado às mãos dos beneficiários por cheque ou transferência bancária.
Ao exercitar a difícil tarefa de defender o ex-teroureiro petista Delúbio Soares, o advogado Arnaldo Malheiros Filho explicou o por quê. Foi didático: o dinheiro circulou em “moeda sonante” porque era “ilícito mesmo”. Delúbio operou um “caixa dois de campanha”, assumiu o doutor. Porém, “não corrompeu ninguém.” Até porque, disse o advogado, a tarefa de obter apoio político cabia ao governo, não ao gestor das arcas do PT.
Não é difícil entender as razões que levam a defesa de Delúbio a assumir assim, tão franca e descaradamente, o crime eleitoral. A encrenca já presvreveu. Repetindo: ainda que fosse condenado pela escrituração clandestina de verbas de campanha, o cliente do doutor Malheiros sairia do STF leve e solto.
Fica esclarecido que Delúbio não formou quadrilha nem praticou corrupção ativa. Movido pelo “sonho” de mudar o Brasil, fez o que todos os partidos fazem em tempos de eleição. O advogado sustenta que o PT sabia do caixa dois. Mas esquiva-se de dar nomes. Como José Dirceu, José Genoino e Lula informam que não sabiam dos meios que o companheiro utilizava para atingir os fins nobres do PT, o mensalão não seria senão um enredo 100% feito de mocinhos.

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