Opinião


Por que brigam os ministros?


 Com sete adjetivos de grande desagrado para qualquer um, o ministro Joaquim Barbosa, agora vice-presidente do Supremo Tribunal Federal tentou desmontar a sisudez nervosa do ex-presidente do colegiado, Cesar Peluzo. “Ridículo”, “tirânico”, “desleal”, “caipira”, “brega”, “pequeno” e “cooporativista” foram os qualificativos utilizados para definir o ex-dirigente do STF, de quem Barbosa é sincero desafeto. Sincero e duro.
Este é um assunto muito grave, para que dele se ocupe, a voo de pássaro, um cronista de província, despido - um advogado diria “falto” - de conhecimentos, para opinar sobre a questão. Os leitores, entretanto, têm todo o direito de perguntar: por que se desentendem os juízes, por que brigam os ministros ?
O ministro Cesar Peluzo é acusado de tratar a doença da coluna do colega com desdém e ironia, - o que é lamentável - acrescentando, Joaquim Barbosa que o ex-presidente do STF costuma julgar “fora dos autos”, isto é sem levar em conta o que dizem os documentos que instruem o processo. Peluzo, do seu lado, entende que Barbosa é “temperamental” e “inseguro.” Na guerra dos adjetivos, este acaba ganhando de 5 a 2.
Nem uma nem outra coisas se justificam. Um ministro não pode se desentender com um colega, simplesmente porque não gosta dele. Nem tão pouco pode lavrar sua sentença, sem levar em conta todo o processo. Seria uma aberração e aberração não é bem o que se espera de uma Corte como o Supremo Tribunal Federal. Se isso fosse possível, o STF não seria – como é – a maior Corte de Justiça do Pais. Tanto no STF como no mais longínquo município do Brasil – em cada município, há uma Comarca – juízes são pessoas respeitáveis e se espera que eles respeitem os outros e não somente os outros, como também a si mesmos. 
Não sei se os leitores sabem que Joaquim Barbosa é aquele moreno – digo moreno porque não posso dizer “negro” senão sou processado – que é sempre visto na TV Justiça, cabisbaixo, casmurro – ou sorumbático, se o ministro preferir, já que ele gosta tanto de adjetivo. ( O que ele não gosta mesmo é que lhe lembrem a cor. )
Escrevo estas linhas, para lamentar o incidente havido entre os dois luminares do Direito e da Justiça. Faço-o, em nome da liberdade de escrever o que penso, porque penso exatamente o que estou escrevendo. Os dois, senhores ministros, devem terçar armas, se for o caso, fora do Poder Judiciário, porque esse não é um local adequado para esse tipo de coisas.
Termino, como se isso aqui fosse uma carta: Senhores ministros Joaquim Barbosa e Cesar Peluzo:
Não estraguem suas vaidades por tão pouco. Confiem em Deus que Ele lhes dará a recompensa devida pelo que estão fazendo. E não há no céu, na terra ou em qualquer parte, quem possa evitar acontecer o que tiver de acontecer. Seja a favor de um, seja a favor de outro.
J.CIro Saraiva (Jornalista)

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