TCU não assusta ninguém

Sob o título "TCU não assusta ninguém.” O colunista Ethevaldo Siqueira, do Estadão, revelou que o “Tribunal de Contas da União (TCU) está perdendo sua força. Especialmente depois que fechou os olhos às irregularidades e ao superfaturamento de R$ 121 milhões de uma licitação da Telebrás (pregão 02/2010). Embora o sobrepreço tenha sido comprovado pelos peritos da Terceira Secretaria de Obras do Tribunal (Secob-3), o relator do processo, ministro José Jorge, propôs à Telebrás que renegociasse os preços, para trazê-los aos níveis de mercado, mas alterando os preços de referência, para reduzir o superfaturamento. O problema é que, mesmo depois de a Telebrás ter renegociado os valores dos contratos, ainda resta um sobrepreço de R$ 67 milhões na licitação."

O colunista Ethevaldo Siqueira lembra que a maracutaia prova velmente será alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, mas um outro lance dessa licitação merece nota, foi o desabafo (será que eu posso chamar "aquilo" assim, ou confissão seria melhor?) do Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, quando o colunista lhe questionou se ele, Bernardo, não se preocupava com a questão ética ao defender um contrato desse tipo.

Sabem o que ele, Paulo Bernardo respondeu: "Eu quero que a ética vá pro inferno, eu quero é trabalhar!" O Colunista, então, perguntou se Paulo Bernardo não temia a publicação de uma resposta dessas, foi quando o ministro arrematou: "Publique, se quiser!" E aí está, devidamente publicado, no Estadão de hoje.

Que os petralhas não estão nem aí para a ética, todos nós já sabíamos. O que muitos, talvez, não soubessem é que os porcos bípedes, de Orwell, já haviam perdido, por completo, não só a compostura, mas, também, o pudor.

Sexta-feira, durante a abertura da VIII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, assisti à palestra de Laurentino Gomes que lembrou de sua afinidade com Pernambuco, onde chegou a morar, por dois anos, como repórter da revista Veja, tendo feito, inclusive, a cobertura da eleição de Miguel Arraes contra José Múcio.

O governado de Pernambuco, Eduardo Campos, todos sabem, moveu mundos e fundos para colocar a mãe, Ana Arraes, como o terceiro elemento do triunvirato a ser formado pelo relator dessa decisão que golpeia o Erário e pelo cabo eleitoral da candidatura de Ana Arraes, o também pernambucano e ministro do TCU, José Múcio, naquela Corte de Contas, outrora opositor do pai de Ana Arraes, com quem agora se associa para patrocinar decisões frouxas, para dizer o mínimo, em se tratando de gastança do dinheiro público.

Durante a campanha que levou a mãe de Eduardo Campos ao TCU, propalou-se, aos quat ro ventos que era um orgulho para os pernambucanos ter esses três nomes laureando o Tribunal de Contas da União. Pois muito bem. A campanha, conforme as mentes que não rezam pelas cartilhas eduardianas muito bem deixaram antever, não se pautou pelos melhores moldes republicanos e isso já deve servir de alerta, bem como as declarações de Ana Arraes de que obras superfaturadas não devem ser suspensas, com o que bem demonstra sua afinidade com a diretriz do coleguinha e conterrâneo José Jorge, ao não propor a anulação, como queria o próprio Ministério Público de Contas, do horrendo contrato da Telebrás.

Laurentino Gomes destacou o quanto Pernmbuco tivera um papel relevante na feitura de seus dois primeiros livros. No primeiro, em razão da Revolução de 1917 e no segundo, por causa do papel do povo pernambucano na Confederação do Equador.

Alguém, na plateia, ao fazer uma pergunta a Laurentino, lembrou uma frase de Joã o Cabral que me fez pensar o quanto o discurso vazio e idiotizante de pseudolíderes como Eduardo Campos tem feito surgir, “apesar de”, vozes indignadas que mesmo que ainda por hora isoladas, poderão fazer a diferença: “o povo de Pernambuco guarda a insubserviência de quem já foi mais...”

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