Quebrada a castanha de mais um

Senador Mário Couto (PSDB/PA)

O senador Mário Couto (PSDB do Pará) tenta, mais uma vez, instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar supostas irregularidades no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Nos bastidores, a insistência do senador é vista como uma demonstração clara de perseguição ao diretor-geral do órgão, Luiz Antônio Pagot – já que ele próprio {Mário} é dono de um “obscuro histórico” em sua vida pública e privada, portanto sem legitimidade para cobrar lisura de terceiros.

Conhecido em seu Estado como “senador tapioca” e auto-intitulado paladino da moralidade, não conseguiu, sequer, explicar como seu nome foi citado em um crime de latrocínio (roubo seguido de morte), num assalto à agência do Banco do Brasil de Capanema, no Pará, em 1988. Durante a ação, a quadrilha do assaltante Raimundo Augusto Pereira, o “Cobra”, matou a tiros Francisca de Assis Pinheiro, (Processo 20020161891-Tribunal de Justiça / PA).

Segundo a história paraense, a arma usada no latrocínio, uma potente metralhadora, foi roubada de dentro de um Opala – o carro de luxo da época -, de propriedade do então bicheiro Mário Couto. Mas atualmente como homem público, o senador tenta vender a imagem de pessoa de luta, mesmo com um enorme rastro de acontecimentos suspeitos, principalmente na época em que foi deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa do Pará (AL).

Como presidente da AL, Couto comprou R$ 2,3 milhões de material elétrico da firma J.C.Rodrigues de Souza, uma micro-empresa (CNPJ 02431246/0001-34), entre os anos de 2005/2006. Entretanto, nas investigações consta que essa empresa nunca vendeu peças, principalmente de material elétrico. A J.C. Rodrigues vendia mesmo era farinha de mandioca e farinha de tapioca, uma das comidas típicas do Pará. Daí, segundo a imprensa local, surgiu o apelido de “Senador Tapioca”.

Não bastasse isso, o suposto empresário Antonio Carlos Fontelles de Lima, então presidente do Instituto de Previdência de Servidores da Assembleia Legislativa do Pará (Ipasep) na época em que Mário Couto era presidente da Casa, fez uma negócio milionário com o Centro de Diagnóstico Brasileu S/A Neves Ltda., do qual o próprio Fontinelles também era proprietário.

Foram negociados mais de R$ 15 milhões de dinheiro público, que rendeu um processo e uma prisão preventiva cumprida pela Polícia Federal dentro da “Operação Caronte” contra Fontelles, em 15 de abril de 2006. Nas investigações, ficou comprovado que o presidente do Instituto foi um dos principais doadores da campanha milionária de Mário Couto ao Senado, em 2006.

Aos 69 anos, Mário Couto — que nasceu na Vila Salvaterra, no município de Soure (Ilha do Marajó), em 14 de janeiro de 1940 — também já foi chefe regional do então Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER). Com o histórico na vida pública, tente negar sua participação como “Capo” do Jogo do Bicho no Pará, embora as evidências contra ele sejam muito fortes. E até hoje ainda há indícios de que ele continua na contravenção.

Consta que o parlamentar deixou de ser bicheiro em 26 de novembro de 1987, quando vendeu a Banca Arco-íris da Sorte para Raimundo Guimarães dos Santos. O comentário, não confirmado, é que o comprador é o mesmo “Capitão Guimarães”, um dos mais poderosos chefões do jogo do bicho do Rio de Janeiro e um dos mais conhecidos contraventores do país. Documentos comprovam essa transação.

O então contraventor Mário Couto também se envolveu em uma “briga de gigantes” com o bicheiro Bosco Moisés, dono da Banca JB, uma das mais antigas e tradicionais do Pará, hoje prefeito da cidade de Pirabas. Esse mesmo embate envolvia uma disputa por pontos de jogo pela liderança das Escolas de Samba “Rancho Não Posso Me Amofina”, com sede no bairro do Jurunas, e “Arco-íris”, com sede no bairro do Guamá. Na briga, surgiu a criação de mais uma banca de Mário Couto, “A Favorita”, com reduto de atuação na Rua Castelo Branco, também no bairro do Guamá.

Por causa desse histórico, Couto não é visto – nos corredores do Congresso Nacional – como a pessoa mais indicada para chamar ninguém de ladrão, como o fez quando pediu a cabeça de Pagot ao propor a criação da CPI. Ao se expor nessa “perseguição”, o senador Tapioca pode estar correndo o risco de “inverter o feitiço” e passar a ser investigado para explicar envolvimento em tantos escândalos.

por Matinta Pereira / Especial para VG Notícias


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