PMDB inclui imprensa livre em rol de ‘compromissos’


Marcelo Camargo/Folha

Reunido em Brasília com o objetivo de ligar suas engrenagens para a eleição municipal de 2012, o PMDB divulgou um rol de “compromissos com o povo brasileiro”.

O documento empilha 15 itens. Anotou-se no quinto: “Garantir a liberdade de imprensa, que é luta nossa desde a criação do MDB.”

Embora o texto não diga, trata-se de uma resposta à moção aprovada em congresso do PT a favor de um “marco regulatório dos meios de comunicação.”

Tisnado pela queda do ministro pemedebê Pedro Novais da pasta do Turismo, o encontro da legenda reuniu de vereadores a dirigentes.

O documento é apresentado como peça de debate, a ser esmiuçada em sugestões a serem recolhidas nos Estados e nos municípios.

A coisa toda sera amarrada noutro encontro, um congresso que o PMDB agendou para o dia 1o de dezembro.

Identificado com legenda fisiológica, o PMDB tenta ressuscitar bandeiras do passado e vincular-se a conquistas contemporâneas.

No preâmbulo que antecede a lista de “compromissos”, apresenta-se, por exemplo, como “coautor” da política econômica que guindou pobres à classe média.

“Como coautores desta conquista”, diz o document, “é chegada a hora de nos dedicarmos à garantia de permanentes avanços para todos os brasileiros.”

Avanços que consolidem a “mobilidade social” e façam crescer “esta nova classe média, com a correspondente melhora de sua qualidade de vida.”

O texto, cuja íntegra está disponível aqui, passa, então, ao enunciado dos 15 “compromissos” do PMDB. São tópicos genéricos.

Defende-se o “avanço do SUS”, com fonte segura de “financiamento”, sem dizer de onde virá o dinheiro.

Apregoa-se a “universalização” do ensino, em todos os níveis, sem mencionar prazos nem fórmulas.

Sugere-se a nacionalização das Unidades de Política Pacificadora do governador pemedebê do Rio, Sérgio Cabral, sem roçar os problemas que o modelo enfrenta.

Menciona-se a “garantia da estabilidade econômica, baixa inflação, controle das contas públicas e crescimento sustentável”, sem tocar nos dois grandes nós: juros e câmbio.

Cita-se a necessidade de redistribuir “o bolo tributário nacional” entre os entes da federação sem mencionar a aversão de Dilma Rousseff à reforma tributária.

Reitera-se o compromisso com a “sustentabilidade ambiental”, nos termos do Código Florestal aprovado na Câmara, sem mencionar a ira que o projeto ateou em Dilma.

Desfralda-se a bandeira da “meritocracia no serviço público” sem fazer alusão aos ministros desqualificados que a legenda indica e à luta que empreende por cargos.

Em suma: a carta de “compromissos” do PMDB é um documento que, no atacado, almeja a pompa. Mas, no varejo, tropeça nas circunstâncias.

Penso eu - O engraçado disso tudo, principalmente sobre a defesa da liberdade de imprensa, é que um dos que estão na foto do alto, chegou a pedir a cabeça de um jornalista que teve a ousadia de critica-lo. O patrão, bem maior que o tal político em honorabilidade e respeito ao outro, não cedeu ao pedido do dito cujo que mandou um enviado fazer a sugestão.

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