"Basta!" - Seminário na AL debate corrupção no País

A vigilância da sociedade, a agilidade da Justiça e a contribuição da imprensa livre são elementos essenciais no combate à corrupção que assola o país. Foi a esta conclusão que chegaram os participantes do seminário “Um Basta na Corrupção”, proposto pelo deputado Fernando Hugo (PSDB) e realizado ontem no plenário da Assembleia Legislativa, que esteve lotado para o evento.

A discussão teve intervenções da jornalista Adísia Sá, do jurista Djalma Pinto, do presidente da OAB-CE, Valdetário Monteiro, do deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) e do vereador de Fortaleza Dr. Ciro (PTC), entre outros. Na platéia, o bispo emérito de Limoeiro do Norte, dom Edimilson Cruz, que em dezembro do ano passado ganhou fama nacional ao recusar comenda do Senado em protesto contra o aumento salarial de 61% então aprovado pelos parlamentares.

“Não dá mais para aguentar a corrupção grassando de Norte a Sul, de leste a oeste deste País, envolvendo estados e municípios numa barbárie de consumo do dinheiro arrecadado como impostos. Não dá mais para abrir os jornais e encontrar verdaderios folhetins policiais envolvendo ministros”, disse Fernando Hugo, iniciando o seminário. “A sociedade não pode aceitar o silêncio que existe dentro do Congresso, das assembleias, dos tribunais omissos e coniventes”.

Para Valdetário Monteiro, a corrupção na máquina pública decorre, entre outros fatores, do alto custo das campanhas eleitorais, que leva os políticos a desviar do Erário a soma que investiram quando candidatos e afasta os bem-intencionados da vida pública. “É inadmissível o custo estratosférico dessas campanhas, e isso explica muitas condutas posteriores, e que muitos políticos sérios se afastem da política”.

NAÇÃO ENFERMA
Djalma Pinto julga que “a Nação está enferma com a epidemia da corrupção”. O jurista considera vital “exigir da sociedade, sobretudo dos jovens, que se dirijam às casas legislativas; exigir que o Supremo Tribunal Federal dê prioridade aos processos envolvendo deputados e senadores. Se quem detém o poder ataca o patrimônio público e não tem a cadeia como destino, é claro que isso faz escola, e o mal se prolifera”.

Uma forma de reprimir o mal discutido naquele seminário, na opinião de Djalma Pinto, reside no estímulo à formação moral dos estudantes pelas escolas. “Até sugiro ao deputado Fernando Hugo uma reunião com diretores de colégio. É preciso estimular, prestigiar nossos educadores, porque só com a motivação para não se descumprir o direito é que se pode viver na paz social”.

O VALOR DA IMPRENSA
Raimundo Gomes de Matos trouxe à Assembleia a perspectiva do parlamentar que exerce mandato em Brasília, observando que os citados no processo do Mensalão ainda não foram julgados pelo STF. “O processo está lá transitando há anos, e os envolvidos rindo da população brasileira”.

O parlamentar condenou o desejo do PT de regular a imprensa e as iniciativas do governo federal sobre órgãos fiscalizadores. “Amordaçar a imprensa é preocupante. Se não fosse a imprensa, nós não estaríamos aqui discutindo esse assunto. Estão chegando ao Congresso matérias para diminuir a competência do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União. E agora esse Regime Diferenciado de Contratação... Se com a Lei das Licitações já existe corrupção, imagine sem ela”.
O vereador Ciro Albuquerque também repudiou as intenções expressas do PT quanto aos meios de comunicação. “O Partido dos Trabalhadores, que tanto pugnou pelo combate à corrupção, pela ética, pela moral na política, encaminha agora as amarras para a imprensa. E a presidente Dilma não está fazendo faxina porque quer: foi a imprensa que a fez promover a faxina”.

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