Transportes - Dilma convida Maggi para assumir a Pasta


Em encontro com lideranças de seu partido, o PR, Alfredo Nascimento disse ontem estar “extremamente chateado” com o episódio que levou a sua saída do Ministério dos Transportes.

Nascimento informou que pretende fazer, no Senado, um pronunciamento explicando muitas coisas sobre a Pasta que comandou. Na reunião de ontem, os líderes Lincoln Portela (PR-MG), Magno Malta (ES), e Nascimento comentaram sobre a possibilidade de Blairo Maggi (MT) assumir, a convite de Dilma, o Ministério. Maggi, que estava presente ao encontro, pediu um tempo para avaliar a situação de suas empresas para resolver se aceitaria ou não assumir o posto em nome do partido. Até o fechamento desta edição, Maggi ainda não havia confirmado oficialmente se aceitara ou não o comando da Pasta.

“Ele é um bom nome, mas têm muitas coisas pendentes, coisas de suas empresas para resolver. Ele tem cerca de 5.000 funcionários, tem que ver se vai dar conta”, disse Lincoln Portela. Na prática, a cúpula do partido quer esperar para ver o que realmente pesa contra o senador. Qualquer ação trabalhista, por exemplo, poderia ser um telhado de vidro para o ministro que assumir no lugar de Nascimento. O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) não participou do encontro. Ele será afastado do assunto até pela própria exigência do Palácio do Planalto.

As lideranças do partido também discutiram hoje o seu papel na base aliada. Lincoln descartou deixar o governo, mas ressaltou que muitos defendem uma postura mais independente. “Alguns parlamentares estão muito contrariados, por isso querem mais independência, mas acho que por enquanto tudo é contornável”, disse Lincoln.

Um dos que assume estar insatisfeito é o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho. Ele alega que há muita coisa mal explicada na saída da cúpula do Ministério e na permanência do secretário-executivo, Paulo Sérgio Passos no lugar de Nascimento. Ele alega que se a cúpula caiu porque existem irregularidades no Ministério dos Transportes e Passos não sabia é no “mínimo estranho”. “Defendo que o partido se reúna e converse sobre isso”, disse.

Herança maldita
Líderes do PSDB reuniram-se no começo da tarde de ontem, no apartamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), em Belo Horizonte, para discutir a queda do ministro e estratégias internas do PSDB. Estiveram presentes o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), e o ex-senador Tasso Jereissati, presidente do Instituto Teotônio Vilela. Ao chegar ao encontro, Tasso destacou que a queda de Alfredo Nascimento é uma “herança maldita” do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“A presidente Dilma Rousseff vai ter muito trabalho porque tem um esquema muito espalhado de corrupção. É uma herança maldita que vem do governo do ex-presidente Lula”, afirmou Tasso, emendando que a oposição “deve tratar o assunto com rigor, não com alegria”. “É um caso de Justiça. Desde o mensalão não há punição. A sociedade precisa reagir e a imprensa tem um papel fundamental”, disse ele.

Representação
O Psol protocolou ontem uma representação contra o senador Alfredo Nascimento para que seja investigado no Conselho de Ética do Senado pelas denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes. “Se o senhor Alfredo Nascimento não serve para ser ministro, também não serve para ser senador e fiscalizar os atos do Poder Executivo”, disse a senadora Marinor Brito (Psol-PA).

O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) defende que o ex-ministro apresente sua defesa ao Conselho de Ética e não ao plenário do Senado, como chegou a ser cogitado por alguns aliados de Nascimento. “Se há quebra de decoro, a instituição que deve investigar é o Conselho de Ética. O plenário não é o local para o contraditório”, declarou.

A representação do Psol não pede a cassação do mandato de Alfredo Nascimento, apenas a abertura de investigação para apresentação de provas de defesa e acusação e a oitiva dos envolvidos nas denúncias divulgadas ela imprensa. Segundo Randolfe Rodrigues, apenas após a conclusão dessas investigações é que o Conselho de Ética deverá decidir se pede ou não a cassação do senador amazonense.

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