Governo exonera funcionário que liberava verba

Escândalo dos banheiros teve Pacajus como uma das cidades foco Governo exonera funcionário que liberava verba.

O ex-coordenador administrativo-financeiro da Secretaria das Cidades negou proximidade com o presidente do TCE e diz que convênios estavam regulares.
O homem que era responsável por liberar o dinheiro dos convênios entre a Secretaria das Cidades e associações do Interior foi demitido do Governo do Estado. Fábio Castelo Branco de Araújo era o coordenador administrativo-financeiro da pasta, foi dispensado no início do ano e, há cerca de três meses, havia conseguido outro cargo no Executivo, desta vez como gerente financeiro da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece). Com a exoneração, o Governo tenta se livrar das peças que o envolvem no escândalo dos banheiros.

O POVO apurou que Araújo chegou à Secretaria das Cidades por indicação do presidente – agora afastado – do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Teodorico Menezes, cujo nome é considerado peça central no quebra-cabeça das investigações.

Isso porque parentes e funcionários de Teodorico foram identificados como chefes das associações que receberam verba da Secretaria para construir kits sanitários no Interior – boa parte não localizada. Pressionado, Teodorico pediu licença do posto, até que o TCE apure o caso.

Proximidade negada
Fábio de Araújo, que dirigia o setor administrativo-financeiro da pasta na época em que os convênios foram assinados, nega relação de proximidade com o ex-chefe da Corte, mas admite que, nas eleições do ano passado, doou R$ 8 mil à campanha do filho de Teodorico, deputado estadual Téo Menezes. “A doação é lícita, você dá recurso pra quem você achar mais... Pra quem você se identifica mais”, justificou, por telefone.

Casado com uma psicóloga empregada no TCE, ele pareceu assustado com a ligação do O POVO e disse que preferia não se manifestar. Araújo afirmou apenas que não sabia do vínculo das associações com o presidente afastado do Tribunal, garantindo que todos os convênios estavam com documentação regularizada. “O que conta é a legislação, os documentos apresentados”, avaliou.
O motivo da exoneração pela Adece não foi informado pelo funcionário. O presidente do Órgão, Francisco Zuza de Oliveira, explicou que a decisão partiu do Palácio da Abolição e quis deixar claro que o fato não está relacionado com problemas na Adece. “Só fui comunicado”, explicou Zuza também por telefone.

EXONERAÇÕES NO TCE
A demissão de Fábio Castelo Branco de Araújo foi publicada no Diário Oficial da última quarta-feira.

Enquanto o Governo não tomava a decisão, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) decidiu exonerar funcionários que, de algum modo, tiveram o nome envolvido no escândalo.

Pelo menos quatro pessoas perderam o cargo na Corte, porque foram identificados como dirigentes de associações que receberam dinheiro da Secretaria das Cidades para construir kits sanitários.

O presidente em exercício do TCE, Valdomiro Távora, disse que não descarta novas demissões. De acordo com ele, “é muita coisa acontecendo”. Por isso, Távora precisaria “primeiro se inteirar” e consultar o setor jurídico da Corte. “Medidas cabíveis”, segundo ele, poderão ser tomadas com base “na ética e na legislação”.
Hébely Rebouças

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