Dilma afasta cúpula do Ministério dos Transportes

Chamado há dois meses de inepto, incompetente e desonesto, por Cid Gomes, Alfredo Nascimento confirmou o afastamento de quatro servidores da pasta

O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, chamado há dois meses de inepto, incompetente e desonesto pelo governador Cid Gomes, divulgou nota no sábado em que confirma o afastamento de quatro servidores da cúpula da pasta por suspeita de corrupção. O afastamento foi determinado pela presidente Dilma Rousseff. O futuro do próprio Nascimento é incerto.

Segundo reportagem da revista “Veja” desta semana, intitulada “Mensalão do PR”, representantes deste partido, que comanda os Transportes, funcionários do Ministério e de órgãos vinculados à pasta montaram um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por empreiteiras.

Empreiteiros e consultorias de engenharia pagavam de 4% a 5% de “pedágio político” sobre o valor das obras do governo federal feitas com verbas do Ministério. A maior parte da verba, diz “Veja”, é destinada ao PR, partido chefiado por Nascimento e pelo deputado federal Valdemar Costa Neto.

DILMA DEU CARÃO
Entre os citados estão o próprio chefe de gabinete do ministro, Mauro Barbosa; o assessor do Ministério, Luís Tito Bonvini; o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot; e o presidente da estatal Valec, José Francisco, o Juquinha.

Segundo “Veja”, a presidente Dilma Rousseff se reuniu no último dia 24 com integrantes da cúpula do Ministério dos Transportes no Palácio do Planalto para reclamar das irregularidades na pasta.
Ao lado das ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Míriam Belchior (Planejamento), ela se queixou dos aumentos sucessivos dos custos das obras em rodovias e ferrovias, criticou o descontrole nos aditivos realizados em contratos firmados com empreiteiras e mandou suspender o início de novos projetos. Dilma disse que o Ministério está sem controle, que as obras estão com preços inflados e anunciou uma intervenção na pasta comandada pelo PR.

RESPONSABILIDADE negada
Na nota que divulgou no sábado, Nascimento diz que “rechaça, com veemência, qualquer ilação ou relato de que tenha autorizado, endossado ou sido conivente com a prática de quaisquer atos políticos-partidários envolvendo ações e projetos do Ministério dos Transportes”.

O ministro afirma ter instaurado sindicância interna para apurar “rápida e rigorosamente” as denúncias. “Para garantir o pleno andamento da apuração e a efetiva comprovação dos fatos imputados aos dirigentes do órgão, os servidores citados pela reportagem serão afastados de seus cargos, em caráter preventivo e até a conclusão das investigações”, acrescenta a nota.

“ANTRO DE ROUBALHEIRA”
O mau estado das rodovias federais que cortam o Ceará levou o governador Cid Gomes a chamar Alfredo Nascimento de inepto, incompetente e desonesto, em maio passado, durante passagem do governador por Sobral. Além disso, o cearense classificou a pasta de Nascimento de “antro de roubalheira”.

O ministro dos Transportes entrou então com queixa-crime no Superior Tribunal de Justiça acusando o governador de injúria e difamação. Na última quinta-feira, a Assembleia Legislativa negou o pedido de abertura do processo. Cid está em missão oficial na China e, por ora, não se pronunciou sobre as denúncias contra Nascimento e o alto escalão dos Transportes.

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