Professores estaduais são a favor da greve

Por Souto Filho
soutofilho@oestadoce.com.br

Depois da manifestação dos professores da rede municipal na Câmara de Fortaleza, ontem, foi a vez dos professores estaduais reunirem-se para uma assembleia geral, no Ginásio Paulo Sarasate. Cerca de 3,5 mil profissionais comparecem ao chamado para discutir as propostas apresentadas pelo governador Cid Gomes durante o encontro com diretores do Sindicato-Apeoc, realizado na última segunda-feira (06). Apesar da rodada de negociações ainda não ter se encerrado, a grande maioria da categoria quer que uma greve seja deflagrada para forçar a implementação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários. Outra audiência entre o Governo do Estado e representantes da entidade será realizada amanhã.
O tom de manifestos contrários às propostas de conversas incentivadas pelo sindicato da categoria tomou conta do ginásio. Faixas e gritos de guerra exigindo maior efetividade da entidade mostravam o verdadeiro sentimento de grande parte dos professores estaduais, não credenciados à Apeoc. As manifestações ficaram ainda mais acaloradas quando um grupo do Sindicato Únicos dos Trabalhadores em Educação (Sindiute) chegou ao ginásio cantando: “Greve geral, no Interior e Capital”.

GREVE É O MELHOR CAMINHO
Mesmo com o forte apelo de diretores da Apeoc contrários à greve imediata, o professor da rede estadual, Reinalde Macurunga, disse que a paralisação é o melhor caminho para agilizar as reivindicações da classe. Segundo ele, os educadores estaduais deveriam unir-se aos professores municipais e decretar uma greve conjunta. “Estamos cansados de tanta enrolação. Há mais de dois anos lutamos pelo piso salarial, sem nenhuma sinalização positiva do Governo do Estado. Sou a favor da greve porque o governo não está interessado em pagar o nosso piso”, esbravejou.

O professor Cláudio Marques também é a favor da paralisação total da categoria. Ele relatou que as negociações não estão caminhando e que esses encontros com o governador não passam de “conversa para boi dormir”. “As negociações não andam porque o governo não faz questão de aprovar o piso. A maioria dos professores é a favor da greve. Essa não é uma questão única dos educadores estaduais do Ceará e sim de todos os professores do Brasil”, emendou.

NEGOCIAÇÃO É MAIS EFICAZ
Por outro lado, as professoras Áuria Lúcia e Vivian Pinheiro acreditam que ações menos radicais são as principais ferramentas para resolver o problema. Segundo elas, apesar da impaciência da categoria, conversas e negociações são mais eficazes do que manifestações violentas e paralisações. “Estamos impacientes, mas acho que esse não é momento para uma greve”, disse Áuria. “Sei que os professores estão com os nervos à flor da pele, mas ainda temos canal de negociação e temos que aproveitar isso”, amenizou Vivian.

CAMINHOS DIFERENTES
O presidente da Apeoc, Anízio Melo, explicou que os caminhos de negociação dos professores estaduais e municipais estão sendo trilhados de forma diferente. Para justificar a posição contrária, do sindicato, à greve, Anízio salientou que as negociações estão sendo realizadas diretamente com Cid Gomes, fato que não aconteceu entre a classe municipal e o Executivo fortalezense.
“Estamos fazendo a avaliação das propostas apresentadas pelo Governo do Estado.

Acreditamos que isso foi o passo inicial de propostas concretas que possam garantir a manutenção das bases do atual plano, implementando o piso. Achamos que a garantia das progressões 2009 e 2010 foi um avanço. Mas, apesar de várias propostas terem sido acatadas, ainda achamos insuficientes. No momento não somos a favor da greve, mas também não descartamos essa possibilidade”, pontuou Melo.

Penso eu - Chegaram tarde. Cid vai pagar o piso nacional para eles.

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