Procissão, reza e doação marcam Santo Antônio

Por Sara Oliveira
saraoliveira@oestadoce.com.br

Da fama de casamenteiro à reflexão social da caridade. Ontem, quando festejou-se Santo Antônio, o dia foi de procissão, roupa branca, orações e cantoria. Havia quem cumprisse promessas entregando sacos de pão e dizendo “Pelo amor do santo”. Aos pés da Igreja Nossa Senhora das Dores, Socorro Silva de Lima, sua mãe, netas e sobrinhas, também agradeciam. Em dia santo, a família ganha bênçãos e um pouco de comida. A necessidade é o ponto em comum entre quem dá e recebe.

O pároco frei Beto Breis explicou que a festa do Santo Antônio é uma das festas mais tradicionais de Fortaleza. “Ele é um dos santos mais queridos e populares. Desde o século XIX já era conhecido pela bondade. Morreu aos 36 anos e em menos de 12 meses, foi canonizado”, disse o religioso.

Da sua história justifica-se o simbolismo da solidariedade. “Santo Antônio sempre denunciou aqueles que exploravam os pobres”, acrescentou.
As frases ditas durante seus sermões nortearam as trezenas da Igreja de Nossa Senhora das Dores e guiavam a procissão de ontem à tarde. “Sua pregação foi feita há centenas de anos mas os valores e necessidades da humanidade, continuam os mesmos”, observou frei Beto. Ele não esconde o aspecto folclórico de que o santo trará noivos às solteiras, mas ressalta que o desafio da Igreja é fazer com que os devotos conheçam a vida e obra de Santo Antônio.

FÉ E GRAÇAS
Seguindo a imagem religiosa, os fiéis rezavam e comemoravam a 80ª Festa de Santo Antônio na paróquia. “Vê-se cada vez mais pessoas aqui neste dia. E mesmo aqueles que chegam à igreja com intenções apenas casamenteiras, têm a oportunidade de ouvir sobre a importância da família e o sacramento do casamento”, observou frei Beto.

Aos poucos, a parte externa da igreja e a Praça do Otávio Bonfim iam recebendo cada vez mais pessoas dispostas a acompanhar o trajeto da procissão pelas ruas do entorno. Outras, aguardavam pela missa campal e show com cantor católico. Socorro Silva continuava sentada na calçada com a família, aguardando o culminar da celebração. “Chego ao meio dia e só vou embora quando termina tudo. Levo pão e graças para casa”, contou.

Entre os que acompanhavam a procissão, a fé no santo parecia maior do que o desejo de matrimônio. Ou apenas o anseio não era divulgado. Para a solteira Mônica de Oliveira, 26, a história de bondade de Santo Antônio era o fator mais importante de sua devoção. “Uma vez ouvi um padre dizer que não era bom pedir marido a este santo, pois como ele tem vários pedidos, podia enviar qualquer noivo”, brincou a garota. Porém, destacou: “É melhor pedir a outro”.

Para as vizinhas Maria da Conceição, 76, Maria Lúcia Ferreira, 61 e Francisca Silva, 67, o costume religioso de seguir a procissão a Santo Antônio existe desde pequenas. “Quando éramos mais novas, vínhamos a pé do bairro Vila União até aqui. É uma tradição que traz milagres todos os dias”, disse Francisca. A vizinha acrescentou: “Só em termos pão todos os dias para comer já é a maior benção”.

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