Opinião - A Cronica de Dorian


SERVIÇO MAL FEITO

A vida imita a arte e vice-versa. A literatura e o cinema, assim como os populares folhetins da televisão, nada mais são do que peças de ficção formuladas a partir de fragmentos encontrados no cotidiano de nossas vidas.

E é assim que literatos, cineastas e escritores de novelas, sacam da realidade a matéria prima para a elaboração de suas obras fictícias, tornando-as imortalizadas.

Grosso modo, imitam o método weberiano utilizado para a formulação de seus “tipos ideais”, nos quais o grande sociólogo alemão observava a história dos fatos humanos e a partir daí, ou seja, de fragmentos ocorridos na realidade, formulava conceitos puramente teóricos e, portanto, irreais.

Ocorre então que frequentemente temos o nosso dia a dia invadido por assuntos pertinentes ao mundo fictício da literatura e do cinema e ainda com maior intensidade pelos folhetins da televisão, devido ao seu forte apelo popular e poder de penetração em todas as camadas sociais.

Quem não lembra a enquete nacional para saber quem assassinou Salomão Ayala, personagem de novela global exibida há décadas?

Mas o mais interessante aconteceu quando da estréia do filme “Proposta Indecente”, que contava a estória de um casal em crise financeira que tenta na roleta de um cassino arrecadar o que faltava para tirar sua casa de uma hipoteca vencida.

Perdem tudo e se desesperam sob o olhar de um milionário estrelado por Robert Redford. A mulher, representada pela belíssima Demi Moore, é então cantada pelo milionário para uma noite de sexo ao preço de um milhão de dólares, desde que com o consentimento do marido.

Tal filme foi motivo de polêmica e dominou as conversas nas rodas da cidade. Você permitiria que sua mulher passasse a noite com outro homem por um milhão de dólares?

Entre tantos depoimentos, o machão revelou sua posição: “quebrava a cara do sujeito que viesse com tal proposta pra cima de minha esposa”...

O bem humorado não perdeu a oportunidade para a piada: “não faço parte dessa polêmica, pois tenho certeza que não existe doido no mundo para pagar um milhão de dólares por “aquilo” que escondo lá em casa”...

Já o honesto por sua vez, esbanjou imaginação: “se fosse comigo, compraria um Chanel Nº 5 para perfumá-la, um belo vestido para não fazê-la passar vergonha e a encaminharia ao cavalheiro.

No outro dia trataria de saber o que havia acontecido. Será que o homem havia cumprido o combinado?

A mulher, meio sem jeito, lhe diria: foi tudo normal. Aqui está o dinheiro.

O honesto, indócil replicaria: normal! Conte-me detalhes! Foi barba, cabelo e bigode?

E a mulher acanhada e muito constrangida responderia: não! De jeito nenhum, foi só papai-mamãe.

Indignado, sentindo-se traído em sua honestidade, diria: olhe minha filha, um milhão de dólares são um milhão de dólares! Portanto, encontre uma maneira de voltar e fazer a coisa certa, pois eu detesto serviço mal feito”...

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