Queixando-se de perseguição e desrespeito, Gony Arruda anunciou que está “irrevogavelmente” desligado do PSDB, durante entrevista coletiva no Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa, ontem à tarde. Ele é acusado de infidelidade partidária pela Executiva do partido por ter aceitado o convite do governador Cid Gomes (PSB) para virar secretário do Esporte. Na semana passada, a Comissão de Ética do PSDB decidiu pela expulsão de Gony, fato que, segundo ele, o pegou de surpresa, pois o ex-deputado, ex-candidato tucano ao governo e atual presidente estadual da legenda, Marcos Cals, foi secretário de Justiça no primeiro mandato de Cid e não sofreu qualquer punição por isto.
“Estou sendo perseguido por pessoas que acham que eu deveria ter cumprido uma formalidade legal que não foi observada quatro anos atrás”, disse Gony ontem. “Marcos Cals aceitou ser secretário de Justiça, não deu um telefonema para ninguém, e não houve qualquer tipo de sanção”. Por isso, Gony disse não compreender como os que o querem condenar agora aceitam Marcos Cals no comando do partido.
A versão da Assembleia
Gony Arruda anuncia na AL desfiliação do PSDB
O secretário de Esporte do Estado e deputado licenciado, Gony Arruda, anunciou, na tarde desta segunda-feira (13/06), no Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa (CIAL), sua desfiliação do Partido da Social Democracia Brasileira. “Estou me sentindo perseguido pelo PSDB”, afirmou.
Segundo Gony, o presidente da Comissão de Ética do PSDB, Assis Machado, o expulsou do partido e só soube da ação três semanas depois por meio de uma jornalista do O Povo. O secretário argumentou que, antes de aceitar o convite do governador Cid Gomes, consultou a bancada de deputados estaduais do PSDB e a maioria dos parlamentares apoiou sua ida para a Secretaria de Esportes (Sesporte).
Gony lembrou que quando o também tucano Marcos Cals assumiu a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Sejus), no primeiro mandato do governador Cid Gomes, ele não consultou a bancada e, mesmo assim, não foi levado para o Conselho de Ética. “Cals foi apoiado pelo PSDB e honrou o partindo fazendo um bom trabalho à frente da pasta”, lembrou.
Quanto a seu futuro, Gony disse que ainda não sabe em qual partido se filiará. “Farei uma reflexão sobre meu destino”, disse.
Gony reiterou que teve o apoio da ampla maioria da bancada tucana na Assembleia para assumir a Secretaria do Esporte, bancada que, em sua opinião, está sendo desrespeitada “por setores da burocracia interna do partido, que inclusive não têm voto”. “Acho que os deputados e presidentes devem fazer uma reflexão sobre o que está acontecendo com a democracia interna do PSDB. Hoje sou eu, amanhã poderá ser outro”.
Instado a dar nomes, Gony declarou que um dos seus algozes no PSDB foi Assis Machado, presidente do Conselho de Ética. Já o ex-senador Tasso Jereissati, segundo Gony, não tem relação com o desligamento do partido. “O Assis Machado sim, está claro que foi [um algoz]. Com o senador Tasso eu não falo desde as eleições”.
PSD ENTRE AS OPÇÕES
Gony disse que já recebeu convite de outros partidos, entre eles PMDB, PDT e o recém-criado PSD, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O momento, segundo ele, é de reflexão, que incluirá uma conversa com Cid Gomes. O secretário disse ainda que não teme perder seu mandato de deputado, pois não haveria base legal para tal desfecho. “Conselho de Ética tem sido sinônimo de bandalheira, corrupção, o que definitivamente não se enquadra no meu caso”.
PSDB OPOSIÇÃO?
O secretário do Esporte de Cid Gomes também refutou o argumento de que ele precisa ser expulso para que o partido mostre oposição ao governo. “Não há uma posição clara de oposição ao governo estadual. A bancada da Assembleia não se manifesta como tal. Na convenção do PSDB a gente não viu isso com clareza. Por que então estão vindo pra cima de mim?”
TRABALHO POR TASSO
Na semana passada, falando ao jornal O Estado, Esmerino Arruda, prefeito de Granja pelo PSDB, disse que ele e seu filho Gony estão sendo perseguidos porque lembraram que Tasso e o PSDB apoiaram Cid ao governo em 2006.
Na coletiva de ontem, Gony ressaltou que trabalhou mais do que outros tucanos pelo sucesso de Tasso na eleição passada. “No meu município [Granja] o senador Tasso Jereissati ficou em primeiro lugar. Se dependesse do meu trabalho e do empenho da minha família, ele estaria com méritos no Senado. Nem em Viçosa do Ceará, um reduto histórico das nossas conquistas, o PSDB teve esse resultado: Tasso ficou em segundo. Nem em Boa Viagem, terra de Marcos Cals, Tasso teve esse resultado: ficou em terceiro”.
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