Sem armas - Para deputados, medida ajuda bandidagem


Por Bruno Pontes
Da Redação do Jornal O Estado

“Desarmar a população é injustiça com o cidadão de bem, pois os bandidos continuam tendo acesso às armas. É fortalecer a bandidagem”, declarou ontem o deputado Manoel Duca, o Duquinha (PRB), na Assembléia Legislativa, onde muitos já se posicionaram contra e a favor do plano do governo federal de recolher armas da população.

Para Duquinha, “agentes inescrupulosos, insensatos e insensíveis” querem anular “um direito humano legítimo: o da autodefesa”. Ele rechaçou a proposta do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AM), de revogar o Estatuto do Desarmamento e promover um plesbicito sobre a proibição da venda de armas no Brasil, bem como a retomada da campanha de desarmamento do povo, anunciada pelo ministro da Justiça, o petista José Eduardo Cardozo.
“Contrariando todo os dados colhidos nas diversas pesquisas sérias já realizadas sobre o assunto, não só no Brasil, mas em diversos países do mundo, o ministro tenta justificar as ações com a alegação de que em larga medida os índices de violência têm a ver com o desarmamento. Mas não é isso que, sequer minimamente, evidenciam os fatos”, explicou Duquinha.

O CASO DA SUÍÇA
Como exemplo, o deputado citou a Suíça, onde praticamente todo cidadão mantém em casa as armas que usou durante o serviço militar. “A pacata e civilizada Suíça é hoje um dos países mais armados do mundo, rivalizando talvez com os EUA, e no que depender de sua população continuará assim por muito tempo. Com quase 60% dos votos, as propostas de restrições à posse de armas na Suíça foram rejeitadas pela população em plebiscito realizado em fevereiro deste ano que guardou impressionante semelhança ao referendo brasileiro de 2005”, informou Duquinha.

O deputado também chamou atenção para o fato de que São Paulo conseguiu reduzir a criminalidade colocando polícia na rua e bandidos na cadeia, contrariando o discurso do petismo, segundo o qual tal resultado só pode ser obtido ao se tirar as armas da população. “É equivocado afirmar que depois da aprovação do Estatuto do Desarmamento houve 12% de redução na taxa de homicídios. O número até cresceu. A exceção é o estado de São Paulo, devido ao reforço na atuação policial”.

Duquinha entende que a sociedade precisa ser muito bem informada sobre os planos do governo federal. “Quando se fala em desarmamento, o povo pensa que o bandido vai ser desarmado, e isso não vai acontecer. A situação do bandido vai melhorar. Como é que um cidadão pode exercer seu direito à legítima defesa se ele não tem uma arma em casa?”.

DESARMAMENTO? SÓ SE
COMEÇAR PELOS MARGINAIS
A proposta do presidente do Senado é “hipócrita”, opinou Fernando Hugo (PSDB). “É uma idéia que vem da mente carcomida do Sarney”. Idemar Citó (DEM) concordou com os colegas: “O desarmamento só serve para o cidadão, porque o bandido continua armado”.

Já Tin Gomes (PHS) atacou o gasto que o governo fará no novo plebiscito, considerado totalmente desnecessário pelo deputado, visto que os brasileiros já votaram em 2005 contra o desarmamento. “Os R$ 10 milhões disponíveis para o plebiscito deveriam ser colocados na Polícia Federal. É muito mais negócio”. Para Tin, essa discussão só voltou à praça porque o governo quer dar uma impressão de resposta à chacina das crianças na escola do Rio.

“São coisas do Brasil: querem tapar o sol com a peneira. Porque esse doente fez o que fez no Rio de Janeiro não quer dizer que população está armada. É o contrário, quem estão armados são os delinqüentes. Sou a favor do desarmamento, mas começando pelos marginais”.

ATO DE CIDADANIA
Sustentando uma posição tradicionalmente esquerdista, os petistas defenderam Sarney e o governo. “É importante desarmar. É um ato de cidadania”, disse Dedé Teixeira.

Na seqüência, Antônio Carlos ressaltou que não falava como líder do governo Cid, e sim “na condição de militante progressista”: “O que se deve fazer é desarmar todos aqueles que não podem andar armados”. E não só as armas de fogo devem ser recolhidas, segundo Carlos: ele defende que também as armas brancas sejam controladas. E Eliane Novais (PSB) acredita que o desarmamento “é um processo pedagógico para o Brasil”.

A começar pelos criminosos
O deputado Ely Aguiar (PSDC) anunciou ontem que apresentará projeto de lei para tirar de circulação as armas usadas em crimes apreendidas pela polícia. “Grande parte dessas armas voltam a circular para a mão dos delinqüentes, e isso acontece porque não existe uma lei que inutilize essas armas”, disse ele.

Pela proposta, tal medida seria tomada após a conclusão do inquérito e da perícia, de modo a evitar que bandidos voltem a usar o armamento. Ely explicou que o desaparecimento de armas em fóruns de justiça é comum no país inteiro. No Ceará, segundo ele, Mauriti e Araripe são alguns dos municípios em que meliantes se apoderaram do estoque de armas apreendidas.“Campanha de desarmamento serve para promover ministro, para promover o governo federal. Mas não promove a redução da criminalidade”, afirmou o parlamentar.

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