França suspende tráfego de trens na fronteira e irrita Itália


Imigrantes se aproximam de ilha italiana, em 9 de abril - Foto: / AFP

Numa atitude que provocou a ira do governo de Roma, autoridades francesas suspenderam neste domingo, por sete horas, o tráfego ferroviário entre França e Itália - dois países que fazem parte do espaço Schengen, por onde se pode circular livremente sem a necessidade de apresentação de passaporte nas fronteiras.

O motivo da suspensão, alegado por Paris, era a aproximação do chamado "trem da dignidade", no qual embarcaram, em Gênova, 300 ativistas italianos e franceses, e cerca de 150 imigrantes tunisianos, rumo a Nice e Marselha.

O objetivo do grupo - que, com a decisão francesa, ficou bloqueado na cidade fronteiriça italiana de Ventimiglia - era defender a liberdade de acesso ao território europeu, e "recordar que nenhum ser humano é ilegal". O tráfego só foi reaberto após fortes reações do governo italiano.

O chanceler Franco Frattini afirmou ter dado "instruções ao embaixador em Paris de expressar o protesto firme do governo italiano". O chefe da diplomacia italiana também indicou que o consulado em Nice "vai ativar contatos com as autoridades locais para obter explicações sobre o assunto".

Já o ministro do Interior, Roberto Maroni, foi ainda mais longe, afirmando que a França havia violado o espírito do espaço de livre circulação da União Europeia. Num sinal de que o episódio realmente abalou o relacionamento com Paris, o ministro disse que espera uma cúpula na próxima semana para tentar recuperar "relações amistosas entre os dois países".

- Todos que quiserem ir à França poderão ir - provocou Maroni.

Diante de acusações de que a França estaria tentando barrar a entrada de imigrantes ao seu país, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, pediu que os países "não exagerassem o perigo migratório" causado pelas revoltas do mundo árabe.

- Até agora, nem a Itália, nem a França fizeram nada de ilegal. Dito isso, existe um perigo de não respeitar o espírito do tratado de Schengen, a livre circulação de pessoas - alertou.

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