Dengue tipo 4 chega ao Ceará

Por Sara Oliveira
saraoliveira@oestadoce.com.br

Agora são três tipos de vírus da dengue circulando no Ceará, inclusive, o Denv-4. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) divulgou, ontem, que 27 municípios no Estado, incluindo a Capital, vivem epidemia da doença. Número de incidência maior do que 300 casos da doença por 100 mil habitantes e um ou mais óbitos confirmados, caracterizam o estado epidemiológico. Nos primeiros três meses deste ano, Fortaleza já registrou 2.405 casos confirmados. Em investigação, são mais de cinco mil. No Ceará, o total confirmado foi de 8.308 casos.

A partir da última semana de janeiro, o número de casos de dengue aumentou de forma significativa. O índice de infestação predial por larvas do Aedes aegypti ultrapassou 3% em dezenas de cidades, há transmissão de dengue em 152 municípios (82,6%) e a recirculação do vírus tipo 1 já ocasiona surtos da doença antes do período de maiores chuvas, que corresponde aos meses de abril e maio. O Governo Federal liberou R$ 4 milhões para as ações de prevenção no Ceará, valor ainda pequeno diante da seriedade de uma epidemia.

Houve a constatação de dois casos do Denv-4 foi feita, preliminarmente, pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN). Um em Fortaleza, no bairro Messejana, e outro no município de Morada Nova. “A confirmação em âmbito nacional só acontecerá quando um segundo laboratório analisar as amostras de sangue. Entretanto, já há suspeita de que o aumento de casos em Maracanaú, por exemplo, seja resultado da transmissão do Denv-4”, explicou o secretário de Saúde do Ceará, Arruda Bastos.

AÇÕES E PREVENÇÃO
“Nós já estamos em Epidemia, agora é cuidar para que as pessoas não morram”. A frase é do coordenador de promoção e proteção à Saúde do Ceará, Manoel Fonseca. A declaração é forte, e traduz a realidade cearense quanto à doença. O número de casos graves caracteriza-se como a maior proporção de toda a história de epidemia de dengue no Ceará. Foram registradas epidemias nos anos de 1987 (22.518 casos), 1994 (47.789), 2001 (34.390) e 2008 (44.508).

Tentar conter o surto da doença é prioridade e o principal objetivo dos órgãos de saúde do Ceará. A suscetibilidade ao novo vírus – Denv-4- e ao Denv-1, que há cerca de 16 anos não circulava no Estado, e há oito anos na Capital, expõe toda a população. “Estamos declarando estado epidemiológico em 27 municípios, mas todos devem estar em alerta máximo. Já prevíamos o que ia acontecer e não sabemos como será daqui para frente”, ressaltou Arruda Bastos.

A “luta” contra a dengue será ainda mais reforçada a partir de hoje, com a circulação de 25 carros com máquina de UBV (fumacê) em Fortaleza e os outros 26 municípios epidêmicos. Uma força tarefa de 15 técnicos visitará os municípios que apresentam situação mais grave a fim de capacitar profissionais e organizar a rede de assistência. O atendimento básico nas unidades de saúde é, neste contexto, decisivo para o tratamento da doença e a prevenção de novas mortes.

De acordo com Arruda Bastos, a intenção é que sejam disponibilizados 30 leitos para pediatria no Hospital da Polícia Militar. Entretanto, dificuldades com a contratação de profissionais impede que aconteça com mais urgência. Na Santa Casa, a disponibilidade de leitos totalizará 20, e no Hospital Infantil Albert Sabin, serão disponibilizados 26 leitos. “Caso o suporte ainda não seja suficiente, teremos de inaugurar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), mesmo sem todos os equipamentos necessários para inauguração”, garantiu o secretário.

Ceará: 8.308 casos
Fortaleza: 2.405 casos
Vírus circulantes: Deng-1, Deng-3 e Deng-4
Em 19 municípios, a incidência ultrapassou o limite de 300 por 100 mil habitantes
Em 13 municípios, ocorreram um ou mais óbitos
Há transmissão de dengue em 152 municípios
Dois casos confirmados de Denv-4, em Morada Nova e Fortaleza
72% dos focos de dengue são encontrados em domicílios
179 casos confirmados de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD)

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