285 anos de Fortlaeza




Praça do Ferreira - Local de nostalgia e encontro de histórias


Por Elvira Sena
da redação do Jornal O Estado

Falar dos 285 de Fortaleza sem citar a Praça do Ferreira é impossível, não é mesmo? E falar da Praça do Ferreira sem lembrar personagens curiosas, pontos históricos e, pelo menos, milhares de histórias com desfechos inusitados? Deve ser mais difícil ainda.
Quando o tema é um local tão querido pela população, o melhor é usar depoimentos apaixonados e contar um pouquinho das histórias que se formam no quadrilátero entre as ruas Guilherme Rocha, Floriano Peixoto, Major Facundo e Pedro Borges, no Centro. A Coluna da Hora, o Cine São Luis e o calçadão que reveste esse trecho são ferramentas para um cenário rico em personagens.

Um desses personagens curiosos é o pipoqueiro Carlos de Souza. Ele resiste em manter seu ponto de vendas na calçada do cinema São Luís, mesmo com o cine fechado há mais de um ano. “O prédio aqui ainda desperta olhares, tanto de fortalezenses quanto de turistas. E sempre teve ponto de pipoca”.

Pedro Pedrosa, que gerencia uma loja de calçados na praça, revela que seus primeiros namoros foram justamente na porta do Cine São Luís. Na opinião dos dois, o que falta para a Praça do Ferreira é atenção por parte das autoridades. “Governo e Prefeitura deveriam olhar mais para a situação no local, sobretudo quanto à segurança”, disse o gerente.

O balconista Michael Jackson, 23, trabalha em uma loja de CDs do Centro e concorda que a segurança deve ser prioridade quando o assunto for a Praça do Ferreira. “Quando a noite vai caindo, fica aquele clima romântico da praça, sempre tem. Mas é preciso que haja segurança por aqui, senão como as outras gerações viverão esse romantismo e amarão a praça?”

Já que estamos falando de Praça do Ferreira, que tal comer um pastel ? A Leão do Sul tem 85 anos de fundação. Já pensou andar pela Praça do Ferreira sem parar na pastelaria mais do que tradicional e degustar um bom caldo de cana? “Ah, não dá não. Eu deixava de almoçar, quando trabalhava no Centro, para ‘merendar’ aqui’, confessou Marlene Rodrigues, 70, que trabalha com floricultura. Ela e a filha, Darlene Rolim, são clientes assíduas do estabelecimento e também defendem a praça. “É um ponto histórico, turístico, deve e tem que ser preservado”, afirma Darlene.
E por que este nome na loja de pastel? O atual gerente, Francisco Guanabara, revela que existem duas versões. “A primeira é por causa dos fundadores, que eram do sul e traziam mercadorias como vinhos e queijos. A outra é que a loja fica na rua Pedro Borges, lado sul”.

Outros locais e mais histórias
Como a pastelaria, o cinema e a Coluna da Hora, a Praça do Ferreira tem outros pontos mais do que tradicionais. Como a Farmácia Oswaldo Cruz. Fundada em 1932, a empresa familiar ainda é referência na Capital. O comerciário Aderson Tavares trabalha lá há 43 anos. “Já vi a praça ser transformada três vezes. Na mais recente, o prefeito era Antônio Cambraia. Nas outras duas reformas, os prefeitos eram José Walter Cavalcante e Lúcio Alcântara”.

“São locais pelos quais a gente tem o maior ‘xodó’ e que todo mundo se lembra”, diz a dona de casa Maria Idelsuite Sousa da Silva, 65. Ela fez questão de contar um pouco da própria vida, tendo a praça como cenário. “Conheci meu marido, João Paulo, assistindo uma sessão no São Luíz. Namorávamos escondido. Sempre nos encontrávamos aqui e passeávamos na praça. Reparamos a Coluna da Hora muitas vezes e, uma tarde, ele me roubou um beijo. Isso foi há 50 anos e ainda nos amamos muito”.

- A Praça do Ferreira foi declarada, oficialmente, marco histórico e patrimonial de Fortaleza pela Lei Municipal 8605, de dezembro de 2001.
- A primeira urbanização no local é datada de 1902.
- O nome faz alusão ao Boticário Ferreira, figura conhecida a partir de 1871 em Fortaleza.
- Moradores mais antigos do local contam que o nome da praça também lembra os ferreiros, que prestavam serviços no logradouro. A praça era, então, conhecida como ‘praça do ferreiro’.

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