Uma lição de educação

Num abrigo improvisado tomado por famílias japonesas com crianças pequenas, todos vivendo o que consideram ser os momentos mais difíceis de suas vidas, a mãe de duas meninas faz uma reverência para a jornalista estrangeira que a aborda e responde gentilmente: "Sim, posso dar entrevista. Muito prazer em conhecê-la".

A moça conta sua história com um semblante cansado, mas de um jeito contido. Está sem perspectivas, mas não pede ajuda de quem ainda tem água, comida e combustível - três itens que valem ouro no nordeste do Japão - nem diz palavras que possam soar como um protesto contra as autoridades ou um lamento cont ra seu destino.

Os japoneses estão sofrendo muito, a situação é dramática em algumas áreas, mas é impressionante a maneira ordeira como se comportam no pior dos momentos.

Filas em postos de gasolina, supermercados e lojas de conveniência são agora a principal paisagem da província de Miyagi, que contabiliza o maior número de mortos.

Mas são exatamente isso: filas, e não tumultos. É uma sociedade acostumada a seguir regras, mesmo quando o que mais temem - imprevistos - acontece. Há engarrafamentos em alguns pontos das estradas, mas tentar escapar pelo acostamento, por exemplo, é uma cena impensável.

Fonte: (Cláudia Sarmento/Agência Globo)

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