Opinião

Dorian, 84
Dorian Sampaio, dentista de profissão, político por paixão e jornalista por vocação, se vivo fosse, completaria, neste doze de março, 84 anos.

Para aplacar a saudade dos amigos e familiares, transcrevo crônica sua retratando o que pensava do “CASAMENTO” aos 21 anos. Tal crônica foi publicada no jornal do memorável Jáder de Carvalho, Diário do Povo, no qual escrevia diariamente:

“Casamento é artificialismo. Nada mais. É o maior crime que se poderia cometer ao sentimento humano.
O amor – lei biológica do instinto a que ninguém foge – burocratizou-se.

Para dois corpos se unirem não há necessidade de decretos nem de palavras latinas. Amor é o bater opresso de dois corações, é o estalar de beijos, é tremer de lábios, é suspiro entrecortado de “ais”. É o sentir próprio e natural de sexos opostos. É uma inclinação ingênita, fisiologicamente explicável.

Para que desnaturalizá-lo, com as invenções das pretorias? Para que vestidos brancos, grinaldas e véus? Para que anunciamento, “convites sociais?” Para que exteriorizar um desejo, tornar público um sentimento inato, se ele só tem valor quando escondido, amedrontado?
Com este invento da civilização o amor perdeu 50% de sua beleza e substância. Amor puro, amor 100% é aquele que, para vivê-lo há dificuldade na aquisição da amada para completarem, no silêncio das noites, uma necessidade biológica.

Após o casamento, depois de ter passado pelos inexplicáveis protocolos exigidos pela ética moderna, o homem tem a certeza que a mulher é sua, somente sua... Desaparecendo o desejo de posse, consequentemente diminui o valor e a beleza do amor.

A medida que o homem vai evoluindo o seu pensamento, vai decrescendo a sua capacidade de dar maior vida ao amor. Ele, infelizmente, se artificializa aos poucos, instituindo a lei do casamento. Urge que se crie a Sociedade de Proteção ao Amor. É a medida mais urgente que posso apresentar para salvaguardar o mais bonito, o mais realista dos sentimentos humanos. Acabemos com artificialismo e com os preconceitos. Vivamos o amor tal como Deus instalou na terra. “Não tenhamos vergonha daquilo que Deus não teve vergonha de criar” – já disse Santo Agostinho. Amemos, mocidade, amemos o amor tal como ele é, obedecendo unicamente às leis da biologia!” (Dorian Sampaio – Diário do Povo Nº 214, de 16 de dezembro de 1948)

Lembrança de Dorian Filho no que seria o aniversário do meu saudoso amigo e companheiro Dorian Sampaio de tantas "jornadas".

Nenhum comentário:

Postar um comentário