O delator premiado

Tão indecente – e ilegal - quanto uma candidata a deputada federal receber dinheiro ilícito das mãos de um corruptor, incrustrado na máquina do governo do Distrito Federal, é esse mesmo corruptor estar não apenas livre, mas no comando de um processo de denúncias, manipulado segundo seus interesses – não os da lei.

O corruptor, todos sabem, é o ex-policial Durval Barbosa. A corrompida, a hoje deputada federal Jaqueline Roriz, filha do ex-governador Joaquim Roriz. Ela recebeu R$ 50 mil em dinheiro, em flagrante registrado pelas câmeras de Durval, na campanha de 2006.

Somente cinco anos depois, o ex-policial, que servia ao governador Joaquim Roriz, decidiu denunciá-la. Antes, pôs na cadeia o então governador José Roberto Arruda e expôs alguns de seus principais aliados, defenestrando-os da política.

Posou de herói, pois estaria arriscando a própria pele para redimir-se de ter participado de uma quadrilha que lesou o Estado. Protegido pelo instituto da delação premiada, fez circular a informação de que possuía muitos mais vídeos que os divulgados – algo acima de uma centena -, o que o manteve (e mantém) no comando do processo, tornando-o mais importante que a polícia.

Já aí há um imenso absurdo: se está sob delação premiada, não lhe cabe arbitrar quando e que vídeos irá revelar. Tem obrigação de entregar todos, e explicar por que não o fez antes.

Ruy Fabiano é jornalista

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