Lula considera ‘hilariante’ ouvir que Dilma difere dele


Fábio Pozzebom/ABr
Dois dias depois de faltar ao almoço oferecido por Dilma Rousseff a Barack Obama, Lula foi homenageado pela comunidade árabe com um jantar.

No discurso de agradecimento, alfinetou a oposição. Não citou nomes. Mas soou como se respondesse a Fernando Henrique Cardoso.

A repórter Leila Swwan conta que Lula classificou de “hilariante” o comportamento da oposição, que passou a elogiar Dilma por ser diferente dele.

“Provavelmente, agora que o presidente Obama fez rasgados elogios ao Brasil, à sua ascenção e importância no mundo, alguns que passaram dez anos criticando passem agora a falar bem. É extraordinário e hilariante...”

“...Foram oito anos. Sabem como pegamos e como deixamos o país. Alguns adversários tentaram vender que nós éramos a continuidade [do governo tucano]...”

“...Agora que elegemos alguém para fazer a continuidade, dizem que ela é diferente. É no mínimo hilariante”.

Depois de aceitar o convite que Lula recusara, FHC elogiou a “civilidade” de Dilma por tê-lo chamado para dividir a mesa com Obama, no Itamaraty.

Recordou que, sob Lula, não havia merecido semelhante distinção. E declarou que torcia para que a ausência do antecessor não tivesse como motivação os “ciúmes”.

Acorreram ao jantar oferecido a Lula cerca de 800 membros da comunidade árabe. Deu-se em São Paulo, no Clube Monte Líbano”, na noite passada.

Lula falou antes que a comida descesse à mesa. A certa altura, apoiou a decisão brasileira de se abster na votação que avalizou a ação militar na Líbia.

“Sou solidário à posição do Brasil, que se absteve na votação da invasão à Libia. Isso só acontece porque a ONU está enfraquecida, representada por forças do século 20 e não do século 21”, disse ele.

Acha que o correto seria o secretário-geral da ONU ir à Líbia para “conversar”, não despejar mísseis sobre o país do ditador Muammar Gaddafi.

Antes do discurso de Lula e depois da partida de Obama, o governo emitiu uma nota na qual pede a interrupção dos ataques à Líbia.

Nas pegadas de Lula, discursou o professor Mohamed Abdib, do Insituto Cultural Árabe, da Unicamp. Disse que o homenageado deixava saudades.

“A rotatividade e alternância do poder é uma coisa sagrada”, Lula respondeu.

“Vocês não sabem o orgulho que tenho por ter entregue a Presidência a uma mulher que foi perseguida e torturada”.

Lula aproveitou os refletores para fustigar a doutrina de combate ao terrorismo inspirada pelos EUA:

“Todo mundo dizia que o terror tinha a cara de árabe, que o terror tinha a cara de um latino-americano ou de qualquer outro país, mas nunca das potências. Na verdade, o povo palestino era mais vítima do que terrorista”.

Afora os aplausos efusivos, Lula recebeu da comunidade muçulmana uma placa de agradecimento.

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