De joelhos - Presidente de honra do PDT-CE: fomos excluídos


“O PDT não tem que discutir se deve ou não permanecer na base aliada; nós fomos excluídos”. Foi desta forma que o presidente de honra do PDT no Ceará, Flávio Torres, resumiu a exclusão do partido da lista de convidados para a primeira reunião da presidente Dilma Rousseff com líderes partidários na manhã da última quarta-feira, 2 de março, no Palácio do Planalto. Na ocasião, o líder do PDT na Câmara dos Deputados, Giovanni Queiroz (PA), disse que se sentiu confortável por não ter sido chamado e que “nós somos aliados, não subordinados”.

Para Torres, o que está em jogo é a altivez do partido. “Na hora em que se reúne a base aliada e o PDT é desconvidado, tem-se um recado nítido de que o partido não é da confiança da presidente Dilma. Nós não podemos nos transformar em um partido de segunda classe, sem altivez, cuja moral é trocada por alguns cargos”. Para o ex-senador, a herança do PDT, que passa por nomes como os dos ex-presidentes Jânio Quadros e Getúlio Vargas, está ameaçada, e o partido precisa reagir. “Fomos retaliados pela questão do salário mínimo. Dilma nos tirou da cadeira da situação, onde estávamos antes, e nos pôs na cadeira da oposição, e um partido que se ajoelha é um partido que não merece o nome de partido”, afirmou.

Cargos
Sobre a votação do salário mínimo, Torres disse que o PDT deveria cuidar da sua honra, “e não dos empregos dos correligionários”.“É um partido no qual os seus deputados não compreenderam porque o governo não poderia dar um aumento de 20 reais a mais no salário mínimo”. Na votação do salário mínimo, o PDT liberou sua bancada de 26 deputados federais para votar como quisessem. Dezesseis deles votaram com o governo, a favor do mínimo de R$ 545, enquanto os outros apoiaram uma emenda do DEM para que o aumento chegasse a R$ 560. Ao fim das contas, o PDT foi o partido aliado com o maior número de votos contrários ao Planalto na questão do mínimo.

Já em relação à posição do ministro Carlos Lupi (Trabalho), que também é o presidente licenciado do partido, Torres disse que o PDT deveria entregar todos os cargos que tem no governo federal. “Se Lupi se demitisse agora do governo, seria uma atitude à altura de Brizola”, definiu. “Por que ficarmos nessa base de rédea curta? Esta é uma circunstância em que a dignidade está comprometida. Não se pode conversar muito, tem-se que tomar uma decisão imediata, uma postura clara”. Pelo critério da presidente Dilma, o próprio PT não estaria 100% afinado com o governo e, portanto, deveria ter sido excluído da reunião, já que dois de seus deputados federais votaram contra o salário mínimo de R$ 545: o cearense Eudes Xavier e o amazonense Francisco Praciano.

Apesar dos fatos, Dilma, ontem, negou qualquer possibilidade de que Lupi possa deixar o cargo. “O ministro Lupi é um ministro da minha inteira confiança. O PDT estará no Ministério do Trabalho. Agora, eventuais problemas dentro da base vão ser resolvidos pelo próprio partido, e não pelo governo”, disse a presidente, que tratou os rumores da saída de Lupi como especulação da imprensa. “Acho estranho como é que em alguns momentos [ministros] ficam ou saem, de acordo não comigo. Eu sou, nesta história, a última a saber.” Estendendo a mão ao PDT após o tapa de quarta, o governo já convidou o líder Giovanni Queiroz para participar da próxima reunião com a base aliada, ao qual ele aceitou prontamente.

Eleições 2012
Sobre as eleições municipais do próximo ano, o presidente de honra do PDT no Ceará lembrou que o partido é base do governo federal, mas não o é em Fortaleza, e que, por isso, “não temos porque não lançar candidato próprio à Prefeitura em 2012”, salientou.

Discurso afinado
O ministro Luiz Sérgio, de Relações Institucionais, e o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), deixaram claro que partiu da presidente Dilma a decisão de deixar o PDT de fora do primeiro encontro entre ela e os líderes aliados. “A reunião de hoje [quarta] foi uma reunião em que a presidenta convidou os líderes que estão 100% afinados com o governo”, afirmou Luiz Sérgio. Já Vaccarezza lembrou a obviedade: quem decide é a presidente. “Essa [quem decidiu não convidar o PDT] é uma pergunta, me desculpe a franqueza, desnecessária. Você acha que eu posso tomar uma decisão? Só com anuência”.

A dupla negou que a exclusão do PDT na reunião tenha sido um troco pelos votos rebeldes. “Não é uma discussão de exclusão. Nessa primeira reunião, a ideia do governo era reunir os líderes que estavam 100% afinados com esse discurso [de unificação da base]. Mas não é nenhuma retaliação, não tem nenhum julgamento prévio”, afirmou.

Penso eu - O senador Flávio Torres, não sei se propositadamente, esqueceu de falar sobre a molecagem que o PDT, partido dele, fez com o deputado estadual Heitor Férrer, infinitamente pior do que aquilo que o governo de dona Dilma fez com o PDT nacional. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

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