Cid Gomes faz ressalva a acerto do PSB com Kassab


Lula Marques/Folha

Para ele, parceria não vale a perda de Erundina e Chalita


O governador do Ceará, Cid Gomes, levou o pé atrás em relação à negociação do seu partido, o PSB, com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Kassab analisa a hipótese de deixar o oposicionista DEM e criar uma nova legenda, que, depois, seria fundida ao governista PSB.

Após viagem de uma semana a Paris, Kassab retorna ao Brasil neste sábado (12). Ficou de informar à cúpula do DEM o que decidiu sobre seu futuro.

Pelo PSB, os contatos com Kassab vêm sendo conduzidos pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente da legenda.

Alijado dos entendimentos, Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, declara: “Não sei qual é o projeto do Kassab”.

Insinua que a parceria não se justifica se o custo for a saída de lideranças do PSB que torcem o nariz para Kassab.

Menciona espeficamente o deputado Gabriel Chalita e a deputada Luíza Erundina, que ameaçam deixar o PSB.

Cid Gomes mantém com o colega Eduardo Campos uma relação tisnada pelo ciúme. Coisa velada, mas perceptível.

Em meio a uma batalha não declarada, a dupla mede forças dentro do PSB e disputa as atenções da presidente Dilma Rousseff.

Cid Gomes revelou suas opiniões sobre o tricô com Kassab e outros temas numa entrevista ao repórter Ricardo Mendonça, veiculada pela revista Época.

Abaixo, algumas das principais declarações do governador cearense:



- Kassab, o novo partido e a futura fusão com o PSB:
“O risco é ele tomar gosto pelo novo partido e depois não querer fundir, né?”

- A hipótese da fusão:
“Olha, é natural que um partido queira crescer. O objetivo de todo partido é chegar ao poder. O crescimento pode se dar pela eleição ou por adesões, dificultadas hoje pela legislação. Sobre essas notícias, só quero registrar uma preocupação: a gente precisa crescer, mas crescer mantendo os quadros que a gente fez”.

- O risco de defecções:
“[...] Eu não tenho muita informação sobre quem acompanharia o Kassab nesse novo partido. Mas tenho conhecimento de que esse projeto, essa ideia, da forma como está sendo tocado, está criando constrangimentos para duas lideranças de São Paulo, a Erundina e o Chalita”.

- A relação custo-benefício:
“Esse crescimento [do PSB] não pode ter o custo de a gente perder alguém. Não sei se estou sendo ingênuo... Não sei qual é o projeto do Kassab”.

- A eleição miunicipal de 2012:
“Ele [Kassab} não pode mais ser candidato em 2012. Mas eu acho que o Chalita é um extraordinário nome para a prefeitura de São Paulo. É o melhor que o partido tem. Então tem de ter cuidado”.

- Conversou com Kassab? Não, não.

- Falou com Eduardo Campos?
Sobre isso, não. Sinceramente, não.

- As pendências:
“Recebi uma circular do vice-presidente do partido, o Roberto Amaral, explicando que havia conversas [com Kassab]. Mas ele colocava que havia pendências partidárias, políticas e jurídicas. Falava do governador de Santa Catarina, inclusive [Raimundo Colombo, do DEM]. A circular foi para todos os presidentes de diretórios estaduais. Foi nessa condição que eu recebi.

- O início do governo Dilma:
“Ela está correta, dando muita visibilidade à questão fiscal. No lugar dela, faria o mesmo. Eu já previa isso. É o primeiro momento, o instante de arrumar a casa”.

- A presença do PSB no governo:
“No começo eu defendi que a gente tivesse uma participação maior. Não pela chantagem, que é muito comum na política, mas pela estratégia de reconhecimento ao partido. Independentemente disso, sempre defendi que deveríamos apoiar o governo. Enfim, foi o possível”.

- A ideia de levar Ciro Gomes ao Senado em 2014, a despeito da incompatibilidade do irmão com o trabalho na Câmara:
“São duas casas completamente diferentes. Começa pela composição: o Senado tem 81; a Câmara, 513. Na Câmara, só para falar, coisa que o Ciro faz com muita qualidade, pois tem muito conteúdo, você entra na fila e tem de esperar seis meses. No Senado, você pode fazer pronunciamento todo dia. O Senado tem um índice de votação, apreciação e análise de matérias muito superior.

- A viagem aos EUA à custa da Grandene, empresa que usufrui de incentivos do governo cearense:
“Olha, todos os governadores do Ceará, nos últimos 20 anos, deram benefícios à empresa Grandene. Então, não há nenhuma excepcionalidade agora. E todos deram porque a Grandene é o maior empregador do Estado, 45 mil pessoas. Segundo: esses benefícios não são autorizados pela pessoa do governador, mas por um conselho, com critérios técnicos. Terceiro: disseram que a Grandene fez doação para minha campanha. Fez nessa e na anterior, pois o proprietário [Alexandre Grandene] tem uma relação comigo de mais de 15 anos. Aliás, doou para todos os candidatos com chances. Agora, sobre minha vida pessoal, você vai me perdoar, mas eu não vou falar nada. Não faço nenhuma declaração.
Deu no Josias

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