Tasso contrapõe: "Não sou candidato do Lula"


Em palestra na Fiec, senador tucano condena práticas do governo federal


Por Bruno Pontes
da Redação do Jornal O Estado

“Primeiro, vou dizer uma coisa fora dos padrões nessa campanha: não sou candidato do Lula. Eu sou contra o Lula”. Com essa declaração aplaudida pela plateia, o senador Tasso Jereissati abriu seu discurso de ontem na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

Ele abriu o segundo ciclo de palestras promovidas pela Fiec e pelo Centro Industrial do Ceará (CIC) com os candidatos ao governo e ao Senado. Sua declaração inicial foi alusiva aos candidatos ao Senado na chapa governista, Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), que se apresentam aos eleitores como “os candidatos do Lula” e têm sido propagandeados pelo presidente em pessoa.

“Lula disse que quer extirpar o DEM, que quer acabar comigo. Ele não aceita oposição. Para ele, não é oposição, é o inimigo a ser extirpado”, condenou Tasso. “Nunca esperei ver na minha vida um presidente da República, que supostamente é presidente de todos os brasileiros, virar garoto-propaganda para derrotar a oposição. Lula perdeu todo aquele pudor que encobre a figura do presidente”.
Tasso atribuiu o “rancor de Lula com o Senado” ao fato de que ele e outros parlamentares opositores naquela casa, a exemplo de Artur Virgílio (PSDB) e Demóstenes Torres (DEM), “conseguiram deter e denunciar muita coisa” prejudicial ao país. “Esse é nosso papel e é o que pretendemos fazer se chegarmos ao Senado”, frisou.

SOBRE O CEARÁ
Tasso também desferiu palavras incisivas contra a gestão Cid Gomes (PSB). Diante de práticas clientelistas que disse ter presenciado nesta campanha, principalmente no interior, o tucano considera que o Ceará “voltou não a 86, mas a pré-86”, em referência ao ano de sua primeira eleição ao governo cearense. “Voltamos ao ‘me dá isso que eu te dou aquilo’”, lamentou Tasso, que mirou ainda na política industrial do Palácio Iracema – ou na falta dela. “Não conheço nenhuma indústria nova, de grande porte, instalada nos últimos anos. A ideia básica que voltou é tratar o povo com concessões, bolsas, benefícios, com o propósito de perpetuar a pobreza”.

Tasso tornou a denunciar a inexistência material da refinaria que “sujeitos na televisão” divulgam como obra feita ou já bem adiantada. “Eu até disse que estava procurando um psiquiatra, porque procuro a refinaria e não consigo ver. Deve ser algum tipo de delírio. E todo dia aparece sujeito na televisão falando da nossa refinaria. E a imprensa calada, batendo palma”. Nesse ponto, Tasso foi aplaudido pelo auditório com o entusiasmo dos vingados. Ele, então, propôs um passeio ao presidente da Fiec, Roberto Macêdo, que o ladeava. “Presidente, prepara um ônibus saindo da Fiec, convida o governador, e vai para a refinaria. Eu vou junto. Isso é um escândalo! A sociedade está anestesiada, sendo feita de babaca”.

“DENUNCIAR O MENSALÃO NÃO É ÓDIO”
Questionado pelo jornal O Estado sobre a referência do presidente Lula a “senadores com ódio”, feita durante o programa eleitoral de Eunício e Pimentel, Tasso foi enfático. “Ódio eu vejo nesta tentativa de aniquilar qualquer voz. Denunciar o mensalão, não é ódio, é obrigação. Denunciar que foram tiradas uma siderúrgica e uma refinaria do Ceará e foram mandadas para Pernambuco é meu dever. Ódio é o que está acontecendo hoje quando o presidente da República se despe de todo o pudor do cargo e vira garoto-propaganda. O presidente da República é o presidente de todos os brasileiros, e ele pode ser partidário, mas quando ele é carregado pelo ódio porque não admite nenhum tipo de oposição, isso é perigoso para o País”.

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