Litoral cearense está em risco



Geólogo americano irá avaliar impactos ambientais da erosão em dez praias

Por Sara Oliveira
saraoliveira@oestadoce.com.br

“Em algumas décadas, a Beira-Mar de Fortaleza estará por completo dentro d’água”. A afirmação assusta, mas de acordo com a coordenadora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vanda Claudino Sales, isso será a consequência da drástica subida do nível do mar no mundo. Para discutir e avaliar as costas litorâneas do Estado, o geólogo americano Richard Davis ministrou palestra ontem na UFC e ainda visitará 10 praias cearenses para pesquisar sobre o tema. A intenção é que haja uma comparação entre as costas de todo o mundo, a fim de avaliar os impactos ambientais da erosão.

“O litoral do Ceará é muito diverso, as feições que acontecem na área litorânea do mundo inteiro resumem-se em 600 km de extensão”, destacou. A professora avaliou que por possuir faixas de praia tranquilas, o Estado é ideal para a análise da real dinâmica da natureza. “Não há tempestades ou furacões, portanto, as diferenças só surgem durante a época de chuva ou de ventos fortes. Dessa forma, metrizar as intervenções é mais fácil”, disse.

Segundo Vanda, para quantificar a degradação é preciso comparar áreas ainda 100% naturais com outras que já registram ocupação, como Fortaleza.

INTERVENÇÃO HUMANA
O aquecimento global é o responsável mais ativo para a subida do nível do mar, porém, as intervenções humanas são também preponderantes quando fala-se em degradação. “Qualquer alteração no litoral é sentido na natureza. Quando constrói-se portos, como o do Pecém e do Mucuripe, estaleiros navais ou espigões costeiros, isso altera a dinâmica da costa e começa a provocar processos erosivos sérios”, explicou.

A professora acrescentou que pesquisas científicas têm mostrado o avanço do nível do mar em áreas como Iparana e Pecém, com uma erosão de 400 metros na faixa de praias desses lugares. “O mais grave é quando identifica-se os efeitos do aquecimento junto às ações do homem. Pessoas começam a construir sem olhar a legislação, colocam pedras para proteger suas casas e causam erosão na do vizinho. Estamos falando do processo de extinção do litoral. O risco de acabar a praia e ficar apenas rochas. Exemplo disso é a faixa litorânea de Fortaleza, onde muitos quilômetros já são só de pedra. Isso não é litoral produzido pela natureza”, analisou.

CIÊNCIA E AÇÕES
As pesquisas que estudam a geomorfologia costeira do Nordeste já produziram dois artigos científicos veiculados em revistas internacionais. “Com a ciência nós queremos mostrar os problemas e apontar erros para não haver repetição, gerando novas perspectivas para o futuro; É a tentativa de embasar um gerenciamento costeiro, pautado por técnicas de uso e de ocupação”, ressaltou.

Quanto à relação entre natureza e grandes construções no Estado, Vanda frisou a importância da ciência. “Algumas vezes batemos tanto em algumas teclas que quando alguns projetos vão sendo feitos, as informações científicas aparecem. Exemplo disso foi a discussão do estaleiro naval, que o governador do Estado era a favor. Os dados que surgiram em pesquisas mostraram o impacto que seria causado, havendo então retrocesso. Não temos a resposta política que gostaríamos, mas temos respaldo. Ainda funciona pouco, por isso continuamos tentando”, relatou.

Penso eu - O doutor geólogo aí, nem sei porque entrou na matéria. O assunto é mesmo pra geógrafo e, gente que estuda as coisas da natureza. Geólogo é pra fazer outro tipo de coisa.

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