Fotografia é história - Amado jumento


Vilarejo de Forquilha, no sertão do Ceará, aonde o jumento faz parte do dia-a-dia nos serviços pesados e também é parte afetuosa das famílias. No início do mês que vem, será realizado mais um seminário sobre turismo regional, na cidade de Caruaru, em Pernambuco. Um dos temas a serem abordados será o fim de uma tradição: a substituição dos jegues pelas motocicletas.
Como foi – Esta foto é simplesinha, mas demonstra a relação de um animal com as pessoas. A fiz para uma matéria no Ceará. O jumento é considerado no Nordeste brasileiro, muito mais que força motriz e meio de transporte. É animal de estimação. Resultado do cruzamento de burro com égua, o jegue é o “motor” ideal para os serviços do cotidiano. Carrega pessoas e cargas. Mas, além disso, sempre teve lugar reservado no lado sentimental da família de seus donos. Não é à toa que mereceu de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, uma canção em sua homenagem, “O Jumento é Nosso Irmão”. Que os burricos sejam úteis por serem trabalhadores é de se compreender. Mas ser querido, talvez advenha do lado religioso, pelo que me disse a esposa de seu Raimundo, esse aí no primeiro plano da foto: - Aqui no Ceará, quem não tiver pelo menos um jegue está cometendo uma grande ingratidão. Porque foi no lombo de um jumento que a família sagrada fugiu do Egito para salvar a vida do menino Jesus. Orlando Brito.

Penso eu - Não deu nem tempo de remendar o Brito, porque já estava pronto, mas ele não sabe que Forquilha virou uma progressista cidade que gravita na Regiao Metropolitana de Sobral e o Prefeito tem o apelido de Pit Bull, um Quirino Rodrigues das antigas. E mais: lembro como se fosse hoje essa viagem do Brito, ele e o tambem grande fotojornalista basileiro Evandro Teixeira, com quem trabalhei no JOrnal O Dia, do Rio de Janeiro, à época o maior jornal do país.

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