Deu no Josias de Souza, da Folha

PT do Ceará admite ‘dificuldade’ para deter Jereissati
Entre os rivais que Lula gostaria de ver barrados nas urnas de 2010 está o tucano Tasso Jereissati. A julgar pelas apreensões do PT do Ceará, não será fácil.

Apresentados na propaganda de televisão como “os senadores do Lula”, Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT) não lograram fazer sombra a Tasso.

Atrás do grão-tucano nas pesquisas, Eunício e Pimentel viram-se compelidos a medir forças entre si. Disputam a segunda vaga de senador, ignorando o desafeto de Lula.

Prefeita de Fortaleza e principal liderança do PT cearense, Luizianne Lins tenta pôr de pé, em setembro, um derradeiro plano. Quer virar votos no interior do Estado.

Luizianne reuniu num hotel da capital cearense, nesta segunda (6), um grupo de 43 petistas –oito prefeitos, dez vice-prefeitos e 25 vereadores.

Ao final do encontro, Luizianne deu entrevista. Sem citar Tasso, reconheceu, nas entrelinhas, o favoritismo do tucano. Resumiu o drama numa frase:

“Nós estamos com essa dificuldade de eleger as duas candidaturas [Eunício e Pimentel], mas nós não vamos desarmar os militantes do PT”.

Decidiu-se na reunião priorizar a disputa pelas cadeiras de senador. No gogó, o esforço inclui Eunício. Mas, em verdade, o petismo se concentra em Pimentel.

Divulgado no final de agosto, o último Datafolha atribuiu a Tasso um índice confortável: 52% das intenções de voto.

Abaixo dele, tecnicamente empatados, os dois candidatos que exibem na propaganda eleitoral mensagem de apoio de Lula: Eunício, com 31%, e Pimentel, com 27%.

Ex-ministro da Previdência de Lula, o petê Pimentel teve dificuldades para se encaixar na chapa do governador Cid Gomes (PSB), candidato à reeleição.

Sob influência do irmão Ciro Gomes, veho aliado de Tasso, Cid planejara comparecer às urnas com um único candidato ao Senado: o pemedebê Eunício.

Com isso, facilitaria a vida de Tasso, reduzindo-lhe o número de concorrentes. Liderado por Luizianne, o petismo bateu o pé. E Cid engoliu Pimentel.

O PT concentra-se no Senado porque dá de barato que, no Ceará, a candidatura de Dilma Rousseff está "consolidada". Ela prevalece sobre José Serra no Estado.

Aplica-se o mesmo raciocínio a Cid Gomes, que emerge das pesquisas como virtual reeleito. No primeiro turno.

Um grupo de repórteres espreitou a reunião petista do hotel de Fortaleza. De raro em raro, a porta se abria. E o som do debate vazava do interior da sala para o corredor.

No entra-e-sai, foi possível ouvir a conclamação que Luizianne dirigiu aos presentes: “Voto em Pimentel, abaixo o coronel”. O coronel, no caso, é Tasso.

A prefeita petista foi ouvida também no instante em que anunciou a preparação de um novo jingle de campanha. A peça vai associar Pimentel a Lula e Dilma. Nem vestígio de Eunício.

O problema é que, materializada na disputa nacional, a transfusão de prestígio de Lula não chegou a Pimentel. Melhor para Tasso, um senador a quem Lula acusa de fazer oposição com “ódio”.

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