Depois do assalto à diligencia, e de prender o Xerife...


Bando ataca Milhã



Quinze homens armados com revólveres, fuzis, escopetas e metralhadoras renderam policiais, assaltaram a agência do Banco do Brasil e fizeram dois funcionários da Coelce reféns

Mais um assalto deixa a população apavorada no interior do Estado. Dessa vez, o alvo dos bandidos foi no município de Milhã, no Sertão Central, a cerca de 300 quilômetros de Fortaleza.

Aproximadamente 15 homens, armados com revólveres, fuzis, escopetas e metralhadoras, renderam policiais e tentaram arrombar os caixas eletrônicos e o cofre da agência do Banco do Brasil .

A ação da quadrilha aconteceu na madrugada de ontem. Conforme a Polícia, os assaltantes não conseguiram abrir o cofre do banco, mas ainda levaram R$ 20 mil, que estavam nas gavetas da agência. Além de um policial militar, os bandidos fizeram como reféns dois funcionários da Coelce, que trabalhavam nas proximidades. Parte do grupo, antes da fuga, colocou pneus na estrada que dá acesso ao banco para impedir a chegada de reforço.

Dois veículos utilizados pela quadrilha foram localizados pela Polícia minutos depois. Um deles (uma Hilux de propriedade da Coelce) foi abandonada numa estrada carroçável, que dá acesso a Banabuiú. O outro automóvel (um Corsa) foi encontrado incendiado na Fazenda Pimenta, que fica entre os municípios de Milhã e Banabuiú.

Equipes de policiais civis e militares de Mombaça, Quixeramobim, Quixadá e Senador Pompeu, além de policiais federais participam das investigações para a identificação da quadrilha. A delegada Sulamita Alves Teixeira Mendes, de Solonópoles, presidirá o inquérito que vai apurar o caso. Ontem pela manhã, ela viajou para Milhã, já acompanhando os trabalhos.

À tarde, a delegada ouviu testemunhas do caso, os funcionários da Coelce, que foram feitos reféns. “Eles disseram que os bandidos usaram primeiro uma marreta, tentando abrir o cofre. Depois, utilizaram uma máquina”. Hoje, as tomadas de depoimentos continuam, em que serão ouvidos os PMs.

Sulamita Alves contou ainda que a equipe de peritos da Polícia Federal já esteve na cidade, examinando todo o local. “Haviam marcas de sangue nas paredes do prédio. A PF colheu material para verificar e também digitais”.

“NOVO CANGAÇO”
De janeiro até agora foram registrados pela Polícia quatorze assaltos a bancos no interior do Estado, além de quatro tentativas, de acordo com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O primeiro caso foi em Pedra Branca, no dia 05 de janeiro. Banabuiú, Guaraciaba do Norte, Nova Russas, Saboeiro, Orós, Piquet Carneiro, Monsenhor Tabosa, Juazeiro do Norte, Reriutaba, Lavras da Mangabeira, Palhano, Ibicuitinga e Cruz foram as cidades que também serviram de palco para as ações dos bandidos.

O último assalto a banco foi em Catarina, a 395 quilômetros da Capital, no dia 02 deste mês. Cerca de 15 homens armados assaltaram a agência do BB da cidade. O grupo usava coletes a prova de balas e estava encapuzado. Os bandidos fizeram dois reféns (o gerente do banco e um vendedor) e em menos de 20 minutos levaram pânico aos moradores, cortando parte da fiação telefônica da cidade e efetuando disparos no meio da rua.
Segundo o delegado Luís Carlos Dantas, superintendente da Polícia Civil, assaltos desta natureza, com grupos fortemente armados fazendo pessoas como reféns no interior, estão ocorrendo em todo o País frequentemente. “O Ceará, inclusive, é onde menos acontecem esses roubos conhecidos como novo cangaço. Mas os Estados acabam importando isso através da mídia”, afirmou.

pm feito refém
Um dos policiais feito refém pelos bandidos em Milhã foi o soldado PM Renan Bezerra, 39 anos. Segundo ele, o grupo de assaltantes se dividiu no momento da ação. “Dois me renderam. Eu estava na unidade policial. Estavam comigo no local o sargento PM Franco, o cabo PM Erinaldo e outros quatro homens”. O PM contou que os bandidos estavam bem armados. “Eles usavam revólveres, pistolas, fuzis, tudo de grosso calibre. Chegaram intimidando, com granadas“. O soldado recordou ainda a forma como os ladrões se dispuseram. “Vimos que eram nove aqui e mais seis deles lá, onde funciona o banco. Eles fizeram barricadas”.

O policial militar conversou com a equipe do Jornal O Estado no final da manhã de ontem, por telefone. Ele lembrou que o bando escapou da cidade em uma Hilux e um Corsa. De acordo com o PM, o grupo também usou uma moto. “Todos os bandidos estavam muito bem armados e sabiam o que faziam. Notei que não estavam dopados, drogados ou bêbados. Quando libertaram a mim e aos outros reféns que me acompanhavam, seguiram em direção a Banabuiú, na zona rural”.

Voltando à unidade policial, depois de solto com os demais reféns, Renan procurou os colegas de trabalho. Ontem, por volta das 11 horas da manhã, ele ainda estava no prédio onde ficam os policiais militares que trabalham na região. Conversou com os policiais, falou com moradores das redondezas e estava esperando o momento para voltar para casa.

“Eu me aliei aos meus companheiros de farda, inicialmente”, afirmou. O soldado revelou que estava há três dias ininterruptos de trabalho. Bastante cansado, contou um pouco do transtorno que acabou sofrendo.

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