Opinião

ABUSOS DE CAMPANHA
Por Renato Casimiro
Costuma-se dizer que os políticos, e não faz diferença se isto acontece onde o IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) é baixo ou alto, chegam a este tempo de campanha eleitoral como uns
santinhos a implorar o voto do cidadão, como se fossem outros e não aqueles que nos habituamos a
ver pela mídia. Alguns, até, através das folhas policiais em rumorosos casos onde não falta o
flagrante delito, mostrado televisivamente em horário nobre, a ensinar o povo como se guarda
dinheiro na roupa de baixo. E o que é pior, com a sensação da impunidade, qual crime perfeito. Em
nome desta voragem pelo sufrágio, eles sempre apostam na obsolescência, inutilidade ou
ineficiência de nossa legislação, seja do código de posturas nas cidades, seja do escopo eleitoral
pertinente. Então, vão praticando toda sorte de infração. Para mencionar que o péssimo exemplo
começa pela disputa de cargos majoritários, dias atrás deu raiva ouvir a enxurrada de multas – de
valores insignificantes, aplicadas aos que se anteciparam na publicidade de suas propostas. Ocorre
que esta gente conhece de sobra a formulação destas legislações, mas insiste em desconhecê-las,
porque ninguém é otário o suficiente para não fazer o que os outros estão fazendo e para se ver que
tudo dá em nada. Lamentável. Profundamente lamentável. Agora as cidades estão se enchendo desta
gente barulhenta, de claques desrespeitosas contratadas a peso de dinheiro nem sempre explicado,
que não sabem como agir com civilidade, pois a disputa pelo voto não é, pensam eles, exatamente o
momento para este exercício. Por estes dias, até na nossa Assembléia Legislativa, diversos
deputados usaram da palavra para protestar contra o abuso de valores praticados com os gastos de
campanha, aplicados a material impresso, camisetas, bonés, pessoal de serviços diversos, veículos,
carros de som, carreatas, comícios, comitês, etc, etc. Vejam lá a que desfaçatez chegam alguns dos
nossos representantes, ao esbravejar contra o que denominam de violência e de abusos praticados
em meio à campanha. Por isso mesmo ficamos perplexos com estas atitudes. Recai sobre a postura
íntima de cada votante o protesto silencioso que até pode cassar esta gente de ficha suja, na origem.
Numa hora como esta nos passam algumas questões atinentes ao problema e a necessidade de uma
profunda reforma eleitoral. Mas, com este parlamento que aí temos, o que pode ser salvo no tocante
a financiamento de campanha, código eleitoral e tudo aquilo que importa para que a nós a questão
seja tratada num mínimo de decência. Nós não temos crença, não temos fé diante de tantas ameaças
do que se ouve ou se presencia com respeito a casos de compra de votos, publicidade irregular e
utilização de recursos públicos para beneficiar candidatos, para citar apenas alguns dos itens que
lideram a lista de queixas. Lamentavelmente, é da nossa cultura a manutenção destas práticas
viciadas e que grassam por este tempo, como se isto viesse em alento à própria miséria do povo que
estimula estes comportamentos desonestos e criminosos. Demagogia é a palavra chave que reduz
tudo ao caminho mais fácil de promessas que dificilmente se cumprirão. Ora direis, é muito difícil
de se comprovar. Faz parte deste pacto espúrio as posturas de corruptor e corrompido que selam
uma aparente regularidade do negócio em que naufraga mais ainda a nossa pobre democracia.

Do site juanorte.com.br

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