Fotografia é história - Tiradentes de Itamar


O gabinete de trabalho dos presidentes da República, no terceiro andar do Palácio do Planalto, muda o visual à medida que seus ocupantes vão se sucedendo. Cada presidente dá toque pessoal à decoração. Em geral, são obras de arte que vão aparecer em segundo plano nas fotos dos despachos e audiências do Chefe da Nação. Lula, no último ano, determinou a maior mudança desde sua inauguração. Itamar Franco, por exemplo, levou para emoldurá-lo um busto de Tiradentes.
Como foi – A primeira vez que entrei no gabinete presidencial, na época de Castello Branco, reparei que não havia nenhuma decoração. No período de Costa e Silva, mandou-se afixar um mapa do Brasil. Depois, com os generais Médici e Geisel, veio o hábito de utilizar peças do acervo artístico da União para amenizar o ambiente. Foi assim que uma pintura com uma paisagem interiorana, evidenciando uma enorme gameleira e um raio de luz iluminando um carro-de-boi foi parar sobre os sofás de couro. Quando João Figueiredo virou presidente, mandou sumir com a peça. Achava que trazia maus presságios. José Sarney colocou sobre sua mesa de trabalho um pedestal com a Constituição. Fernando Collor concordou que permanecesse um retrato de Dom Pedro I. Fernando Henrique quis que o gabinete divulgasse artistas brasileiros pouco conhecidos. Mensalmente havia um rodízio de quadros. Mas, como se vê nessa foto aí, Itamar Franco deu um toque patriótico e histórico ao seu gabinete. Encomendou pessoalmente a um escultor popular, Antônio Gomes, um busto em pedra-sabão de Tiradentes. Pensou, porém, em mandar retirá-lo quando um colunista deu uma notinha dizendo que a imagem estava bem de acordo com a situação do Brasil, já que o mártir da Inconfidência Mineira trazia uma corda no pescoço. Orlando Brito.

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