Pancadaria em protesto no Palácio do Bispo

Entidades fizeram manifestação lembrando um ano do Plano Diretor
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O que era para ser uma manifestação popular exigindo a regulamentação e efetivação do Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor) virou confusão e muita pancadaria no Palácio do Bispo, sede do gabinete da prefeita: manifestantes ligados a entidades do Núcleo de Habitação e Meio Ambiente (NUHAB) denunciam terem sido recebidos com violência pela Guarda Municipal de Fortaleza e relatam exageros dos servidores que lançaram spray de pimenta e pedras. Algumas pessoas, segundo Gorete Fernandes, da Federação de Bairros e Favelas, saíram feridas.

“Todo mundo ficou em pânico, foi muita violência. Era para a prefeita ter nos recebido bem, chegamos pedindo diálogo e fomos mal tratados, recebidos com brutalidade. Não fizemos nenhuma depredação no prédio”, frisou a militante. No próximo dia 13, comemora-se um ano da sanção do Plano. A Guarda Municipal, através de sua assessoria de comunicação, informou que agiu evitando uma ocupação irregular do prédio e que as ações foram preventivas e feitas de modo racional, sem exageros. “Queríamos apenas entregar uma carta e mostrar nossas reivindicações. Por que nunca nos recebem?”, questionou Gorete Fernandes.

DEFESA DO PATRIMÔNIO
Uma reunião está marcada para acontecer hoje, a partir das 10h, na Sede da Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), com a presença do NUHAB e de outros secretários a fim de encaminhar algumas pautas relacionadas, principalmente, a questões habitacionais. Segundo Daniel Rodrigues, representante do Habitafor, a prefeitura está trabalhando arduamente, desde o momento em que o Plano Diretor passou a vigorar, para tentar colocar todos os instrumentos urbanísticos em ação.
A Prefeitura informou que os manifestantes racharam ao meio o portão principal do Paço. Os vidros da guarita foram atingidos por pedras. Tentando explicar que não houve exageros por parte da Guarda, diretor da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF), Arimá Rocha, disse que os servidores não saíram do prédio e só reagiram por terem que defender um prédio que, além de Sede do Gabinete, é também um patrimônio público tombado. “Os manifestantes chegaram quebrando os portões e os homens tiveram que reagir para proteger o prédio. Deve se ter um respeito ao local”, frisou o diretor.

ANTES DA PANCADARIA
Cerca de 400 pessoas saíram, ontem de manhã, em caminhada da Praça do Ferreira até o Paço Municipal, lembrando um ano da lei. Entre as reinvidicações do grupo, estão a real aplicabilidade do PDPFor, o reconhecimento das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) e a priorização de políticas habitacionais que garantam o direito à moradia. Estavam no ato, o Movimento dos Conselhos Populares (MCP), o Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e outras entidades do NUHAB. Eles reivindicam melhores condições de moradia nas áreas de risco da Capital cearense, principalmente, na comunidade Raiz da Praia, localizada na Praia do Futuro.
“Luizianne, cadê você, eu vim aqui cobrar você” - era a palavra de ordem orquestrada pelos moradores da comunidade que se diziam iludidos com as promessas feitas pela prefeita. De acordo com uma das organizadoras do manifesto e membro do MCP, Tarciane Bezerra, há uma falta de aplicabilidade do PDPFor e isso está dificultando a vida dos moradores do Raízes da Praia. Segundo ela, as 80 famílias que residem no local não possuem o mínimo de infraestrutura. Tarciane revelou ainda que os moradores estão vivendo sem água, luz e saneamento básico. A manifestante explicou que, ano passado, as entidades populares participaram de várias reuniões na Câmara de Vereadores de Fortaleza, mas, até agora, nenhuma providência foi tomada.
“A Nossa principal manifestação é por falta de moradia. Estamos lutando para que possamos ter mais força para lutar a favor dos nossos direitos. Temos que fazer barulho sim, porque, se os administradores não ouvirem a nossa voz, eles não vão se lembrar da gente. Como é que o plano foi aprovado ano passado e agora os vereadores dizem que não existe? O próprio vereador Salmito Filho [presidente da CMF], que foi o relator do projeto, nega a aprovação”, indignou-se.

ESPERANÇA
A costureira Antônia Meire, moradora do Raízes da Praia há oito meses, disse que as condições da comunidade são as piores possíveis. Segundo ela, a falta de saneamento básico faz com que os residentes fiquem vulneráveis a várias doenças. Contudo, com um “ar esperançoso”, a costureira comentou que acredita que os problemas vão ser resolvidos. “Tenho certeza que vamos conseguir fazer valer as nossas reclamações. Luizianne Lins está devendo uma promessa que fez à gente. Espera que ela veja com o coração e sinta o nosso sofrimento. Desse jeito não pode continuar”, lamentou Meire.

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