Alô, alô, Luizianne, responde ao Cid...

Governador tenta falar com prefeita sobre projeto para o Titanzinho


Bruno Pontes
da Redação

Em 1933, Carmem Miranda fazia sucesso cantando um samba de André Filho, “Alô... alô!” Os leitores maduros do jornal O Estado devem lembrar (ver ao lado).

Em 16 de março de 2010, Cid Gomes contou a jornalistas que está tentando agendar uma conversa com Luizianne Lins sobre a construção do estaleiro na praia do Titanzinho. Cid disse que telefonou para a prefeita na segunda-feira passada, mas, naquela hora, ela não pôde atender. Quando retornou, o aparelho para o qual ela ligou não estava com ele.
O governador compareceu, ontem à tarde, à reinauguração do Centro do Turismo, no Centro de Fortaleza. Afirmou que, saindo dali, tentaria achar Luizianne novamente. Segundo a assessoria de imprensa do governador, ele ainda não conseguira fazer contato com a prefeita às 19 horas. Também os desencontros telefônicos estão impedindo Cid e Luizianne de chegarem a um acordo sobre o estaleiro.

Boa relação
O assunto tem gerado controvérsia entre o Município e o Estado. Na semana passada, Luizianne, que se opõe ao projeto do governo estadual, declarou que “não cabe um estaleiro” na praia do Titanzinho. Ela disse ainda não entender “o empenho tão enlouquecido de alguns” a favor da obra.
Cid destacou, ontem, que vai conversar com a prefeita “de forma racional”. E emendou: “eu tenho uma relação muito boa, pessoal, e quero preservar essa relação com a Luizianne Lins, independente de qualquer questão”.

Abaixo-assinado
Sobre as acusações de que o abaixo-assinado a favor do estaleiro, entregue a ele por um grupo de vereadores, contém assinaturas repetidas e com a mesma caligrafia, Cid afirmou que “isso é uma tentativa de descaracterizar uma manifestação da população”. E sugeriu uma pauta à repórter que levantou a questão: “esqueça o abaixo-assinado e vá lá, você e sua câmera, de forma isenta, sem avisar, e saia perguntando. Vá de casa em casa. Eu asseguro que, de dez, oito são favoráveis”. Ao ser lembrado de que a própria Luizianne falou em “manipulação”, Cid respondeu que “isso é querer fugir de uma realidade”.

Comentários de viagem
A visita que deputados estaduais e vereadores de Fortaleza fizeram ao Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, segue provocando, na Assembleia e na Câmara, comentários favoráveis e contrários à construção do estaleiro no Titanzinho.

Na sessão de ontem, o vereador Wellington Sabóia (PTN) afirmou que, no Brasil, nenhum empreendimento desses está localizado numa capital. “E por que essa ‘coincidência’? Na verdade, não é uma coincidência. Não existem estaleiros nas capitais brasileiras por conta de todos os impactos que o empreendimento pode causar ao dia a dia de uma grande cidade”.

Chega de
discussão
Carlos Mesquita (PMDB), por sua vez, declarou que a polêmica do estaleiro já deu o que podia dar: “é melhor deixar de bafafá, pois quem vai decidir essa questão é a prefeita Luizianne ou o governador Cid. Este debate está se alargando e criando intrigas pessoais”. Acrísio Sena (PT) fez coro: “batemos no teto, não tem mais informações. Chegou ao limite. Ninguém muda (de posição)”. Segundo o petista, a decisão agora só compete à prefeita ou ao governador, “por mais show e viagem que se faça”.
Defendendo o projeto do governo cearense, o presidente da Câmara, Salmito Filho (PT), destacou que também em Pernambuco houve resistências ao estaleiro, mas elas foram vencidas, segundo ele, quando a população teve oportunidade de conhecer melhor o projeto.

Pênalti perdido
Deixar escapar o estaleiro no Titanzinho é como errar um pênalti na Copa do Mundo. A comparação foi feita ontem, na Assembleia, pelo deputado Ely Aguiar (PSDC), que fez parte da comitiva a Pernambuco. De acordo com ele, os moradores do entorno do estaleiro, localizado em área contígua ao porto de Suape, estão satisfeitos com a geração de emprego e renda. Conforme o relato do deputado, cerca de quatro mil postos de trabalho diretos foram criados e mais de 70% deles foram aproveitados pela própria comunidade.

Visita foi útil?
O deputado Heitor Férrer (PDT), que não integrou a comitiva por motivos de saúde, elogiou a iniciativa, mas considerou que a visita pode ter tido pouca utilidade. Em entrevista ao jornal O Estado, na última segunda-feira, Heitor observou que, diferentemente do projeto do Governo do Estado para o Titanzinho, o estaleiro pernambucano fica localizado a mais de 40 km da área urbana de Ipojuca. Neste caso, segundo Férrer, o único aspecto que pôde ser analisado pela comitiva cearense diz respeito à geração de empregos.

O grupo que foi avaliar o estaleiro pernambucano incluiu um morador do Titanzinho, Pedro Fernandes. Ele aprovou o trabalho social e o desenvolvimento econômico trazidos pelo equipamento às famílias pernambucanas, mas continuou discordando da montagem do estaleiro em Fortaleza, que, no entender dele, não convém à realidade do Titanzinho.

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