PSB tentará atrair PTB e PP para ‘coligação’ com Ciro


Wilson Dias/ABr

A renitência Ciro Gomes, que tenta manter em pé sua candidatura presidencial, levará o PSB a abrir negociação com duas legendas: PP e PTB.

“São os dois únicos partidos do bloco de apoio ao governo que ainda não tomaram uma posição”, disse ao blog o senador Renato Casagrande (PSB-ES).

Secretário-geral do PSB, Casagrande afirma que a legenda preserva a intenção de só bater o martelo quanto ao futuro de Ciro em março.

“Nós acertamos isso com o presidente Lula, numa reunião realizada em setembro [de 2009]”, o senador recorda.

Embora Ciro diga que sua disposição de concorrer ao Planalto independe de coligações, o PSB considera essencial tonificar o seu tempo de televisão.

Sozinho, o partido disporia de algo como dois minutos para propagandear o seu presidenciável na TV e no rádio.

Juntando-se a outras duas legendas, elevaria o seu quinhão para cerca de cinco minutos. Um tempo que os especialistas em marketing consideram suficiente.

Inicialmente, Ciro e o PSB haviam idealizado uma parceria com PDT e PCdoB, partidos situados mais à esquerda no espectro governista.

Premidos por Lula, porém, essas duas legendas foram ao colo da candidata oficial Dilma Rousseff (PT). E a candidatura de Ciro viu-se asfixiada.

O fechamento de um acordo com PTB e PP é improvável. Por quê?

Presidido pelo deputado cassado Roberto Jefferson, que levou o mensalão às manchetes em 2005, o PTB flerta com o apoio a José Serra (PSDB).

O PP de Paulo Maluf (SP) é presidido pelo senador Francisco Dornelles (RJ), tio do governador tucano Aécio Neves (Minas).

Embora tenha levado sua bancada de congressistas para jantar com Dilma no final do ano passado, Dornelles posterga a decisão do PP.

Em privado, o senador reuniu-se também, há cerca de três meses, com FHC e Sérgio Guerra, respectivamente presidente de honra e presidente executivo do PSDB.

Dornelles tem declarado que não há pressa para a definição. Lembra que as convenções partidárias só ocorrerão em junho.

Levantamento interno feito pelo PP indica, porém, que a grossa maioria dos diretórios estaduais do partido pende para a candidatura de Dilma.

Mantendo-se o quadro atual, o mais provável é que o Ciro de março ostente uma situação idêntica à do Ciro de hoje. Estará só.

Nessa hipótese, a despeito da vontade pessoal do deputado, o PSB teria dificuldades para dizer “não” a Lula.

Ou seja, foi ao telhado o projeto presidencial de Ciro Gomes. O partido dele se municiará nas próximas semanas de um lote de pesquisas.

Para sobreviver como candidato, Ciro terá de revelar-se um portento eleitoral nessas sondagens.

O deputado acomoda seu futuro nas mãos do PSB. Diz que aceitará a decisão do partido, seja ela qual for.

Ciro só não admite, segundo diz, atender aos apelos de Lula para converter-se em candidato ao governo de São Paulo. Declara que prefere não concorrer a nada.

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