PMDB cearense diverge sobre futuro do partido

Alas querem apoiar Dilma; outras falam em candidatura própria

Hoje considerado o maior partido do Brasil, o PMDB está confuso sobre qual rumo tomar em relação às eleições presidenciais deste ano. Pelo menos a ala cearense mostra-se assim. Em entrevista ao O Estado, três grandes nomes da legenda defenderam duas teses completamente diferentes sobre o que se deve fazer para o império da sigla não diminuir com o resultado das sucessões estaduais.

O deputado estadual Carlomano Marques (PMDB) é um dos mais radicais. Ele levanta a bandeira de que a agremiação lance candidato próprio à concorrência pelo comando do Palácio do Planalto. Atualmente, o partido sinaliza para uma aliança com o PT. Assim, ficaria com a Vice-presidência. O nome mais cotado para compor chapa com Dilma Rousseff (PT) é o presidente da Câmara Federal, deputado Michel Temer (PMDB-SP).
Para o parlamentar, o fato do PMDB ter o maior número de prefeituras e chefiar o Congresso Nacional o credencia a reivindicar mais espaço na disputa majoritária de daqui a nove meses. “Um grande partido como o nosso tem que ter candidato próprio e não ir a reboque de qualquer outro”, alfinetou.

Ele assegurou que a legenda tem grandes nomes para entrar na briga. No topo da lista, um novato na sigla: o presidente do Banco Central, Henrique Meireles. Contudo, na avaliação de Carlomano, um representante que pode utilizar a gerência do BC como ponto forte nas articulações. “Ele não é muito conhecido, mas uma boa campanha resolve isso”, especulou.
Outro cotado por Marques foi Temer. “Até partidos pequenos vão ter candidatos [refere-se ao PV, com Marina Silva; PSB, com o deputado federal Ciro Gomes; e PDT, ainda sem definição]. Isso deve nos servir de alerta. Temos quadros para postularmos a presidência. E é o que devemos fazer no primeiro turno. Já perdemos tempo demais em deixar de apresentar candidato próprio. Se é assim, não tem por quem esperar”, pontuou.

MELHOR CAMINHO
Na mesma linha de pensamento (de que o PMDB é a maior sigla do Brasil), o deputado federal José Gerardo Arruda pregou outra hipótese. Ele colocou-se a favor da manutenção da aliança com os petistas em torno do fortalecimento da musculatura da candidatura de Dilma Rousseff.
Arruda argumentou que outras alas do partido pensam desta maneira, levando em consideração o fato de que os peemedebistas – hoje – integram a base de apoio ao presidente Lula. No passado, chegaram a compor chapa com o PSDB. Agora, conforme o parlamentar, enxergam na ministra-chefe da Casa Civil uma continuidade governamental. “O melhor caminho é ficarmos do lado de quem vai ganhar a eleição do que arriscar uma candidatura própria”, assinalou.

Porém, José Gerardo admitiu que a legenda está rachada quanto à decisão a ser tomada nos próximos meses. O PT quer fechar questão em torno da aliança até, no máximo, março. A deliberação seria tomada depois que Dilma fosse oficializada candidata no congresso nacional da agremiação, a ser realizada ainda em fevereiro.

O deputado chegou a prever o crescimento da ministra nas pesquisas de intenção de voto. Atualmente, ela aparece em segundo lugar, perdendo para o representante do PSDB, governador de São Paulo, José Serra. Para Arruda, o alto índice de aprovação de Lula vai ser o fator preponderante nessa melhora de Rousseff.

O presidente conta com 72% de aceitação do eleitorado. Ele acredita até que Dilma ultrapasse o tucano. “E vai ser pouco tempo depois do povo denotar a candidatura dela ao Lula”, anteviu.

CONTINUIDADE GARANTIDA
Já o deputado federal Mauro Benevides assegurou que não há possibilidades da aliança com o PT ser rompida, como tanto quer Carlomano Marques. Ele chegou a indicar o correligionário como integrante do que taxou de “pequenos focos” dentro do partido. Também comporiam este grupo – de defesa de candidatura própria - o paulistano Orestes Quércia e o paranaense Roberto Requião.
Benevides disse: “não acredito que o PMDB possa ter candidato próprio, porque já é um acordo antigo com o presidente Lula e que, até agora, está valendo”. Em seguida, o parlamentar reforçou a ideia de que Michel Temer será mesmo o vice de Dilma Rousseff, depois da recusa de Henrique Meireles.

Na opinião do federal, a chapa Dilma-Temer é, por si só, forte. Contudo, precisará do apoio formal de Lula para vencer o confronto com José Serra.

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