Há quem diga ser o taxista londrino. Ele te leva a qualquer lugar e ainda sabe de tudo o que acontece na cidade - do restaurante mais badalado à casa daquele artista famoso que passou os seus últimos dias vivendo na capital inglesa.
Assim como os ônibus vermelhos, aqueles de dois andares, os táxis pretos, ou black cabs, são a cara de Londres. E quem vier à cidade tem de passear em um deles. Nem que seja por dois quarteirões de uma das 67 mil ruas daqui.
O programa é divertido e ainda tem um quê de elegância. Vocês sabiam que os black cabs têm de ter, obrigatoriamente, altura suficiente para acomodar um senhor que esteja usando uma cartola, daqueles bem antigas e altas? Mesmo que ninguém (ou quase ninguém) as use mais, vê-se que uma das mais antigas tradições do guarda-roupa inglês ainda é respeitada.
O primeiro táxi que rodou sem a ajuda de cavalos surgiu por aqui em 1897. De lá pra cá, o número de taxistas só fez aumentar. E hoje eles passam dos 22 mil.
Engana-se, porém, quem pensa ser essa uma profissão fácil.
Primeiro, o aspirante a taxi driver tem de estudar muito (mas muito mesmo) para passar no chamado “The Knowledge”, um teste dificílimo que engloba ruas de Londres, regras de trânsito e principais atrações turísticas.
Diz-se até que muitos casamentos desmoronam quando um dos parceiros resolve estudar para o teste. That’s how tough it is!
É como um vestibular, acredito. A decoreba, pelo menos, parece ser a mesma. A simples frase “little apples grow quickly”, por exemplo, dá as primeiras letras dos quatro principais teatros da Shaftesbury Avenue: Lyric, Apollo, Gielgud, Queen's. E isso eles têm de saber obrigatoriamente.
Parece-me uma saída criativa para conseguir memorizar 400 rotas do chamado “Blue Book”. Além, claro, de aproximadamente 2500 trajetos no espaço de 6 milhas de Charing Cross, uma das regiões mais movimentadas de Londres.
De tão impressionante que é, o processo de formação do taxista londrino virou tema de um estudo feito pela University College há alguns anos.
Durante a pesquisa observaram-se vários grupos de taxistas e aspirantes ao posto. Depois da análise, a seguinte conclusão: estudar para “The Knowledge” aumenta o tamanho das partes anterior e posterior do hipocampo cerebral, áreas que são responsáveis pela memória e pela navegação espacial.
Que incrível, não?
Muita coisa mudou no que diz respeito ao meio de transporte mais charmoso de Londres. A cor, por exemplo. Os nossos táxis agora podem ser pintados de qualquer cor, e não apenas de preto. Acho uma pena.
Apesar disso, os taxistas londrinos continuam da mais alta qualidade, ajudando a divulgar o que há de melhor nessa cidade em que tenho o privilégio de morar.
Mariana Caminha é formada em Letras pela UnB e em jornalismo pelo UniCEUB. Fez mestrado em Televisão na Nottingham Trent University, Inglaterra. Casada, mora em Londres, de onde passa a escrever para o Blog do Noblat sempre às segundas-feiras. Publicou, em 2007, o livro Mari na Inglaterra - Como estudar na ilha...e se divertir
Publico esta postagem do Blog do Noblat, porque achei que tem muita coisa a ver com os taxistas de Fortaleza.
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