Lins reúne secretários e pede "pé no freio"

Luizianne fala em "racionalização" de recursos e alfineta oposição
Um dia antes de entrar de férias, a prefeita Luizianne Lins (PT) reuniu, no fim da tarde de ontem, todo o secretariado municipal. Foi o primeiro encontro coletivo do ano, realizado no Palácio do Bispo, nova sede do Executivo desde a semana passada. Em pauta, uma série de recomendações para os mais de 40 assessores enquanto a cidade estiver nas mãos do vice Tin Gomes (PHS). Se nenhum imprevisto acontecer, ela só deve retornar às atividades no próximo dia 31.
Em entrevista coletiva, a petista tentou amenizar o tom empregado na mensagem aos secretários. Contudo, foi taxativa durante a reunião ao pedir que todos colocassem o “pé no freio” no tocante à utilização dos recursos públicos. A palavra de ordem foi racionalizar. “Foi mais para a gente manter as coisas sem problema de continuidade. Afinal, são só dez dias”, afirmou. Este é o primeiro recesso oficial de Luizianne desde quando ela foi eleita vereadora, 13 anos atrás.

É bem verdade que, no ano passado, a prefeita ausentou-se por cerca de 15 dias. Mas numa situação bem diferente. Deixou o Executivo por complicações de saúde. Conforme junta médica do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, o excesso de trabalho levou Lins à estafa corporal. À época, ela chegou a dizer que “viu a morte de perto”.

TEMPO DE ORGANIZAR O BAÚ
Agora, ela diz ter aprendido a lição. “Ano passado, eu quase...Enfim, passei por problemas de saúde. (...) Para evitar isso, me comprometi comigo mesma de que ia tentar me desligar para poder ver se me reconstituo como todo ser humano, como todo trabalhador, como o presidente Lula, como a Dilma, como o governador Cid Gomes. Todo mundo tem o seu momento de pensar na vida privada, de organizar o baú”, argumentou.
Entretanto, mesmo afirmando a necessidade das férias, Luizianne assegurou que, caso surja alguma emergência, volta a Fortaleza imediatamente. Ela não revelou para onde viaja. Limitou-se a citar que ficará no Brasil. E brincou: “estou com um pé aqui e outro lá. Vou ficar por perto, só de olho. E de peruca preta, para ninguém me reconhecer”.

PUXÃO DE ORELHA
Além de pedir cautela ao secretariado, Lins deu um puxão de orelha nos afoitos da administração. A prefeita reclamou de disputas internas pela paternidade de projetos prioritários para a gestão e disse não admitir este tipo de situação. Como exemplo, citou os Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cucas).

Segundo ela, alguns titulares precisam entender que existem projetos que requerem o envolvimento de mais de um órgão. “O Cuca é multidisciplinar. E a gente tem que ter uma cabeça mais aberta para isso. Vocês sabem que equipe é sempre difícil. Então, eu sempre dou essa motivada na equipe para dizer o seguinte: olha, nós estamos todos no mesmo barco; o nosso projeto é um só e as secretarias têm que ser colaboradoras umas das outras”, alertou.

A INTERINIDADE
A Tin Gomes, o pedido foi de que mantivesse o clima de harmonia na cidade. “Até brinquei dizendo que, certamente, ele não iria mexer com a equipe, porque, senão, eu teria que voltar para recompor”, descontraiu.
E o vice parece ter entendido bem o recado. Tanto, que admitiu não ter a pretensão de tomar decisões relevantes enquanto estiver como prefeito. O humanista deve restringir-se a audiências no gabinete e cumprimento de eventuais agendas externas. “Até porque dez dias não vão permitir que eu possa inventar nenhuma fórmula mágica”, declarou.
De acordo com ele, o setor que vai receber mais atenção será a saúde. Motivo: a aproximação do período chuvoso, que sempre resulta no aumento dos casos de dengue. A ideia é intensificar as campanhas de combate à proliferação do mosquito Aedes Aegipty, principalmente em bairros periféricos, como Messejana e Curió.

Ambos pertencem à Regional VI, área gerenciada por Tin, que também é titular da Secretaria, mas, para assumir a Prefeitura, vai licenciar-se do cargo. No lugar dele, entra interinamente o chefe de gabinete da SER, Régis Tavares. “Ela [Luizianne] não precisaria tirar licença. A Lei Orgânica manda dizer que é acima do décimo dia [que o vice substitui]. Ela está passando pra mim porque tem confiança plena na minha pessoa”, finalizou.
Do Jornal O Estado

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