Fechado com Temer, PMDB pedirá reunião com Lula




Deu na Folha

A cúpula do PMDB reuniu-se na noite passada. O encontro ocorreu na residência oficial de Michel Temer, presidente da Câmara.



Produziu-se uma decisão que vai permear os próximos passos da negociação em torno do apoio à candidatura presidencial de Dilma Rousseff.



Foi antecipada de 10 de março para 6 de fevereiro a convenção partidária que vai eleger a nova direção do PMDB.



Decidiu-se mais: Temer será reeleito presidente do partido. Chapa única. Mais dois anos de mandato.



Com isso, além elevar o cacife de Temer como seu principal negociador, o PMDB tonificou-o como candidato à vaga de vice de Dilma.



Uma forma pouco sutil de reafirmar a Lula que a legenda não levou a sério o lero-lero de que deveria elaborar uma lista tríplice de vices.



Habituados a falar línguas diferentes, unificaram o linguajar em torno de Temer os dois principais grupos do partido: o PMDB da Câmara e o do Senado.



Tomaram parte da decisão, pelo lado da Câmara, o líder Henrique Eduardo Alves e o ministro Geddel Vieira Lima, além de Temer.



Pela banda do Senado, os dois nomes que manuseiam a batuta: José Sarney e Renan Calheiros. Romero Jucá, embora convidado, não estava em Brasília.



Em meio aos caciques, um índio novo da tribo pemedebê: Henrique Meirelles, presidente do Banco Central.



Meirelles adoraria ser vice de Dilma. Lula apreciaria muito vê-lo na chapa. Mas a reunião converteu o sonho em quimera.



“Decidimos antecipar a convenção para começar o ano com as coisas bem definidas”, disse ao repórter o líder Henrique Alves.



O próximo passo, segundo informou, será reabrir as negociações com os operadores do PT. Vai-se retomar o tricô do ponto em que foi abandonado no final de 2009.



“Precisamos resolver as pendências dos Estados”, disse o deputado. “Queremos nos reunir com o PT já na semana que vem”.



O PMDB tem pressa. Se os impasses regionais sobreviverem à nova tentativa de acerto com o petismo, o partido pretende puxar as suas fichas.



Chamará ao pano verde o jogador que dá as cartas, Lula. Ouça-se um pouco mais de Henrique Alves.



“Se o PT disser que não tem como resolver as pendências, vamos pedir uma reunião com o presidente Lula e com a ministra Dilma”.



Há vários nós por desatar. Mas um deles revela-se especialmente apertado. Chama-se Minas Gerais.



A encrenca é conhecida. O PMDB cobra apoio do PT à candidatura do ministro Hélio Costa ao governo mineiro. O petismo dá de ombros há meses.



O partido de Lula tem dois pré-candidatos ao cargo cobiçado por Hélio: Fernando Pimentel, ex-prefeito de BH, e Patrus Ananias, ministro do Bolsa Família.



Ananias parece mais propenso à composição com o PMDB. Mas Pimentel não esboça a mais remota intenção de retirar-se da disputa.



Mais Henrique Alves: “É preciso levar em conta o fator Aécio Neves”. Refere-se à decisão do governador tucano de retirar-se da disputa presidencial.



“Ao concentrar sua atuação em Minas, o Aécio tornou ainda mais relevante a nossa união no Estado”, disse o deputado.



Tomado pelo relevo político, Minas é o segundo maior colégio eleitoral do país. Visto pela ótica doméstica do PMDB, é o Estado que envia mais delegados à convenção.



Uma convenção marcada para junho, na qual será votado o apoio a Dilma, hoje pendurado apenas num acordo pré-nupcial.



Minas mandará à convenção peemedebista 69 delegados. Bem mais, por exemplo, do que os 20 convencionais que virão de São Paulo.



De resto, o PMDB deseja aparar arestas que o PT vem cozinhando em banho-maria. São duas as principais: Bahia e Pará.



Está entendido que PMDB e PT irão às urnas de lados opostos nesses dois Estados. Na Bahia, Geddel X Jaques Wagner. No Pará, Jader Barbalho X Ana Júlia.



Está combinado também que será adotada a tática do palanque duplo. Mas o PMDB deseja esmiuçar a coisa, para evitar que, no calor da campanha, Lula e Dilma se deixem levar pelo coração petista.



No mais, o PMDB escolherá nos próximos dias os nomes que vão compor a direção do partido na chapa encabeçada por Temer.



Delegou-se a tarefa ao próprio Temer e a Renan. Como a presidência caberá ao grupo da Câmara, o vice virá do Senado.



Por ora, o nome mais cotado para assumir a vice-presidência do partido é o de Romero Jucá, líder de Lula no Senado.

Do blog do Josias de Souza

Causou espécie o sumiço do nome do deputado Eunicio Oliveira, antes tido como da extrema confiança de Temer.

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