Em quase dois anos, 211 PMs foram afastados

No mesmo período, o programa prendeu mais de 7.500 pessoas em todo o Estado

Deborah Milhome
Especial para O Estado

O Ronda do Quarteirão completa dois anos em 2010 e desde o projeto piloto, em novembro de 2007, até a sua implantação total, em junho de 2008, realizou apreensões de 1.948 armas e prendeu 7.548 pessoas, segundo informou o secretário-executivo da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSPDS), coronel Joel Brasil, durante uma entrevista exclusiva ao Jornal O Estado. Nesse período, 211 policiais foram afastados após investigações dos órgãos de inteligência da Segurança Pública.

DENÚNCIAS
Para a costureira Ermínia Barros, o Ronda do Quarteirão do bairro Quintino Cunha, onde mora, serve só de enfeite. “Só ficam passeando de carro de luxo e quando tem ocorrência não aparecem. Quando o crime já ta feito, como de homicídio, chegam várias viaturas para dizer que a Polícia está presente. Esses crimes aqui poderiam ter sido evitados, caso eles viessem quando a gente chama”, afirmou revoltada.
Já o estudante Gustavo de Lima revelou ter visto policiais do Ronda paquerando em pracinhas e a viatura rodeada de mulheres. “Isso é uma vergonha para um programa que custou tão caro aos cofres públicos. Fora os lanches que eles pegam nas lanchonetes em troca de segurança. Nós já pagamos impostos para ter essa segurança”, revelou.

O coronel Joel Brasil comentou que quando uma reclamação chega, o primeiro procedimento é investigar. “Teve uma época que disseram que guardas do Ronda ficavam o dia inteiro dormindo em uma casa. Investigamos e descobrimos que era a casa de uma senhora que achava que os policiais tinham a obrigação de ajudá-la a cuidar de uma pessoa doente. Então, eles ajudavam”, declarou afirmando que nas investigações feitas durante esses quase dois anos, afastaram esses 211, após descobrir que não estavam procedendo adequadamente ou abusaram do poder que lhes é concedido.

RONDA COMO LABORATÓRIO
O secretário-executivo comentou que Ronda do Quarteirão existe para mudar o que as pessoas entendem por Polícia e conforme os métodos usados, que estão dando certo, os artifícios são estendidos para o restante da Polícia Militar. “O Ronda modifica toda uma estrutura que existia, pois tudo que está sendo feito é setorizado. É um laboratório? Mais ou menos. Ele é um programa que tem acompanhamento. E estamos sempre avaliando, monitorando e implantando melhorias. Dentro da Segurança Pública é único programa que é tratado desta forma”, destacou.

Para ele, o Ronda “não é simplesmente para atender ocorrências, porque será o mesmo trabalho realizado por outros policiais. Nós queremos uma Polícia que esteja tomando conta da cidade, enquanto os outros PMs estão atuando nas delegacias, atendendo ocorrências ou fazendo vários outros procedimentos. Então, o programa é para que as pessoas saiam nas ruas e vejam um policial, ou estejam na praça e percebam que estão protegidos com a presença das viaturas. Para que a sociedade saiba que tem uma Polícia ali tomando conta de você, olhando para você. Para caso haja uma necessidade, um socorro eles possam atuar”, frisou.

EFETIVO
Ele contou que no início os policiais agiam em apenas 122 áreas da Fortaleza, atualmente, 15 municípios, Capital e Região Metropolitana, incluindo Cascavel e Pindoretama, que estão em fase de conclusão do programa.
O coronel Joel Brasil comentou que a cidade de Quixadá também está recebendo o programa do Governo e que até o final de 2010 implantarão em mais 14 municípios. “Assim ficaremos com todas as cidades que tenham 50 mil habitantes, considerando Região Metropolitana e Interior de Estado”, disse o coronel.

Para a monitoração do Ronda o secretário-executivo comentou que existe o Batalhão Comunitário, que conta com 2.613 policiais, 193 viaturas e 182 motos rodando, ainda com 48 veículos de reserva e foram comprados mais 156 veículos, que são para a Polícia Civil e Militar.

O coronel Joel Brasil afirmou que todas as viaturas trabalham 24 horas e por isso em vez de realizarem consertos, agora estão sendo feitas manutenções preventivas. “Em 2008, nós tínhamos projetado um custo para de R$ 15 milhões para a manutenção de todos os carros da PM, o que dá mais de 300 carros na rua. No entanto, gastamos cerca de R$ 5 milhões. Tenho certeza que nao é muito pelo que está sendo realizado”, declarou. (colaborou Mara Rodrigues).

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