Editorial

- Chame ladrão

A segurança pública no Ceará vem sendo colocada em xeque, a cada dia que passa, pelo aumento da violência e crimes contra a população, tanto que o sentimento individual e o clima coletivo de insegurança podem ser maiores do que registra-se na realidade. A frequência desses episódios, a violência e ousadia dos criminosos assustam. Outros fatos poderiam ser cômicos, não fosse sua gravidade. Por exemplo, o assalto a três policiais do Ronda do Quarteirão, na ensolarada manhã de domingo, na Barra do Ceará, é um deles.

São constrangedoras as circunstâncias em que o assalto foi praticado por dois homens disfarçados de mendigos, bem como são graves as consequências do crime: os bandidos teriam furtado duas pistolas e um colete a prova de balas dos policiais militares. Porém, o que parece ser muito mais desastroso é a desmoralização do Ronda do Quarteirão, projeto especial de segurança pública, minuciosamente implantado, com recursos financeiros e investimentos vultosos, exatamente para reverter a insegurança pública que assustava e agora aterroriza os cearenses.

O Ronda, quando efetivamente implantado, com a sua concepção de uma polícia de quarteirão, ágil e presente no dia-a-dia das pessoas, iria garantir a segurança da população. Com um ano e meio de operação em Fortaleza e já funcionando em outros municípios cearenses, a expectativa parece não se consolidar na prática. Os assaltos, principalmente a bancos e carros-fortes, homicídios, sequestros, narcotráfico, crimes de pistolagem e outras formas de violência persistem de forma angustiante, tanto na Capital como no interior.

Como se não bastasse a evidência das estatísticas da criminalidade, vários episódios negativos, ao longo desses 18 meses de atuação, envolvendo policiais do Ronda do Quarteirão, comprometem sobremaneira a credibilidade do programa. Afinal, trata-se (ou deveria ser assim) de um contingente de homens rigorosamente selecionados e treinados, com salários, fardamento e instrumentos de trabalho diferenciados do restante da tropa da Polícia Militar do Ceará, que demonstra não estar atuando de forma convincente, frustrando os resultados que a sociedade espera na área da segurança.

Editorial de hoje do Jornal O Estado

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