Chibata no advogado


Rildson Martins com d.Evaristo Arns
(Opinião)
O Conselho Nacional de Justiça empreendeu todos os esforços, no ano findo, no sentido de agilizar o funcionamento da máquina judiciária, já que esta é considerada vagarosa e traiçoeira, consoante resultado de consulta feita pelo Ibope, a serviço da Associação dos Magistrados do Brasil. Por sua vez, Carlos Lacerda, no regime militar, advertia que o Judiciário estaria gangrenado pelo arbítrio, corrupção e burrice, de sorte que tanto no regime militar, como no democrático, o Judiciário é objeto de questionamentos com relação a sua eficiência.
De outra banda, é bom que se diga, que a maior crítica ao Poder Judiciário está adstrita a questão do emperramento dos feitos judiciais, vale dizer, não é contra, no geral, a integridade moral, intelectual e de compromisso dos seus juízes, daí a razão da CNBB, na pessoa do cardeal Geraldo Majela Agnelo, sustentar que “A democracia estaria bem se os processos fossem julgados oportunamente, sem tantas dilatações. O método dos processos favorece adiamentos”.

Luís Cláudio Chaves, presidente da OAB-MG, faz duras críticas ao Judiciário. “O Judiciário está aquém das expectativas do cidadão e essa atuação gera descrédito para o trabalho do advogado, porque se o processo demora muito a culpa recai sobre o advogado sem que ele tenha nenhuma responsabilidade.
Na verdade, o jurisdicionado só tem mesmo acesso para dialogar é com o seu advogado, o usuário da justiça escolhe o seu defensor, e só com ele tem sempre canal aberto de comunicação. O exercício da militância da advocacia é uma das mais árduas dentre as profissões vinculadas a carreira jurídica. Um país socialmente pobre, em que a classe dominante e as elites econômicas e políticas não têm, de fato, interesse de contar com um Judiciário pronto, célere, independente, posto que isso constituiria numa grave ameaça a prevalência dos seus privilégios. Um Judiciário pedestre, forte, de porta aberta ao povo, com certeza, receberia influxos sociais, atendendo às exigências da equidade, estimulando o espírito da cultura da cidadania, da busca, sem intervalos, da justiça social.
É muito saudável que a OAB tenha a percepção de que recai na pessoa do advogado toda a chama de inquietação e revolta dos jurisdicionados face o emperramento da máquina judicante, pouco importa ao usuário da justiça e a própria sociedade o nome do juiz atrelado ao conhecimento e julgamento da liça, o que importa é o quilate do seu advogado, daí a razão de que devemos ter, sim, uma OAB forte e independente para pugnar pela defesa das prerrogativas do advogado e pela celeridade processual, daí a razão do insuspeito desembargador Rômulo de Deus, à época em que foi o diretor do Fórum Clóvis Beviláqua, ter conclamado, sistematicamente, os juízes de direito, lotados na capital, no sentido de bem atenderem, com espírito republicano, os reclamos dos causídicos.


Rildson Martins - Advogado

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