Perdendo tempo

Gony Arruda gastou seu empo e seu verbo pedindo explicações ao padeirinho, uma inveção política absolutamente despropositada, sem eira bem beira. Pelo menos Gony conseguiu uma declaração do tal presidente do PPS: Quem fraudou a fala do Lula na campanha de Aldigueri contra Esmerino em Granja foi o PT.
Veja a matéria do jornal O Estado

Novas críticas de tucano ouriçam PPS

"Eles vomitam moralidade e depois voltam atrás", alfineta deputado

Presidente do PPS cearense desde abril, Alexandre Pereira reagiu com risos ao saber que falaria sobre “o caso Granja”. Desde a última terça-feira, ele e o primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa, Gony Arruda (PSDB), trocam farpas por conta da reintegração de Romeu Aldigueri ao PPS, expulso do partido por supostamente ter falsificado a voz do presidente Lula para ganhar votos na disputa pela Prefeitura. Ele é tio do deputado e batia de frente com Esmerino Arruda (PSDB), pai de Gony.

Alexandre atendeu ao O Estado por telefone. Estava em Foz do Iguaçu rumo a Brasília e topou comentar as últimas declarações do tucano, mesmo afirmando não ter a pretensão de “encompridar a conversa” com o parlamentar. Na sessão de ontem, Gony reiterou a crítica ao retorno de Romeu, classificou o escândalo do ano passado como “um mar de lama” e disparou: “se eles [o PPS] acham bonito falsificar, isso é um problema deles. Mas que venham a público e digam que vomitam moralidade e depois voltam atrás”.

Segundo ele, Alexandre aceitou Aldigueri de volta à revelia do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que, em 17 de dezembro do ano passado, assinou a carta de exclusão de Romeu dos quadros da legenda. A inconformidade de Gony era tão grande, que o fez esbravejar da tribuna: “que fiquem todos sabendo que o que o Roberto Freire brada e assina não vale absolutamente nada”.
Pereira qualificou o episódio como desavença familiar. “E é uma briga que eu não tenho nada a ver! Quando assumi o partido, já era antiga”, argumentou, rebatendo as acusações de ter refiliado o tio de Gony por conta própria. Conforme ele, a decisão foi justamente de Roberto Freire.

Segundo Alexandre, a iniciativa para o retorno ao PPS teria partido do próprio Romeu. Em seguida, o assunto foi levado à Executiva Nacional, que avaliou ter havido injustiça com Aldigueri e, devido a isso, optou pela reintegração. Em ofício enviado ao Diretório Regional no dia 20 de maio, Freire justificou a medida informando que se baseou na defesa apresentada pelo acusado da fraude à Nacional.
Aldigueri atribuiu a utilização da voz falsa de Lula ao PT, partido ao qual o PPS era coligado no município, apesar do presidente dos petistas, Ilário Marques, negar envolvimento da legenda na infração e ter até lançado nota condenando a prática. “Não temos mais motivos para manutenção da sanção de afastamento”, alegou Roberto. O Estado teve acesso ao documento.
Sobre a reaproximação, Alexandre relatou: “foi assim que eu assumi. Ele me procurou se dizendo injustiçado e eu não estava nem inteirado do caso. Sabia que ele tinha sido expulso, mas não tinha detalhes da briga. Aí, o Roberto sugeriu que reintegrássemos. Agora, o Gony tá levando o assunto pra dentro da Assembleia e criticando um partido que não é o dele”.

O populista garantiu que a rusga não afeta as articulações com o PSDB visando as eleições 2010. As duas siglas querem juntar-se ao PTB, DEM e PR para lançarem uma coligação na tentativa de bater a re-eleição do governador Cid Gomes (PSB). Já Gony especula previsões sombrias quanto a isso. “Como podemos nos aliar a um partido que expulsa um filiado com as palavras mais duras e o reintegra cinco meses depois?”, indagou.

Pereira chegou a se colocar como amigo pessoal do deputado. Contudo, provocou: “espero que ele tenha a hombridade de também ocupar a tribuna para ler a resolução da Nacional que vou mandar pra ele com o Roberto pedindo a reintegração. Quero ver se ele tem seriedade pra isso”.

E não parou por aí. Disse lamentar profundamente a postura ofensiva de Gony Arruda em relação a esse impasse. O agravante seria o fato do tucano ocupar cargo de destaque na Mesa Diretora da Casa. “A população não está preocupada com essa briga doméstica. A gente tem é que debater os índices de pobreza do Ceará. É por causa de situações como essa que defendo repensarmos a forma de se fazer política aqui como uma coisa de cunho pessoal. Mas tudo bem. A gente tem que tentar compreender o momento que ele está vivendo”.

SAIBA MAIS

- A eleição em Granja foi vencida por Esmerino Arruda, que derrotou Aldigueri por uma diferença de 36 votos.

- Romeu levou o caso à Justiça e acusou o pai de Gony de compra de voto.

- Ele chegou a assumir o cargo, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) julgou improcedentes as acusações e devolveu a cadeira a Esmerino.

- O caso da falsificação da voz do presidente Lula foi parar na Polícia Federal de Sobral, que investiga a denúncia até hoje.

- Quando o escândalo foi denunciado, Roberto Freire tipificou a situação com “um absurdo cometido pelo sr. Romeu Aldigueri” e pontuou que as argumentações apresentadas por ele em defesa própria não eram convincentes.

- Gony apresentou ao O Estado um requerimento de interpelação em que “convida” Alexandre Pereira a visitar o delegado da Polícia Federal responsável pelo inquérito que apura a falsificação e, dessa forma, obter informações sobre o processo.

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