A mídia e os intelectuais delivery

Por weden
Intelectuais à Brasileira: o padrão Delivery

A chefia de jornalismo define que se deverá fazer uma matéria com tal posição política ou ideológica, atendendo a tal e qual interesse de alguma facção partidária.

Quem anda praticando muito isso é a imprensa anti-Lula-Dilma-PT ou pró-Serra, o que dá no mesmo.

Escohido um tema, compõe-se o texto, incluindo as possíveis declarações. Aí sim se discute: “quem diria isso aqui?”, pergunta o jornalista. Seu superior sem olhar o repórter responde como se citasse o próprio nome: “fulano”.

Sergio Miceli, num trabalho magistral, mostrou como de alguma maneira os intelectuais brasileiros sempre foram dependentes de alguma esfera de poder. Das oligarquias, antes, do Estado, depois.

Acrescentamos que a terceira fase de alguns “intelectuais à brasileira” é a associação com o as oligarquias midiáticas.

Há uma troca de favores intensa entre estes “especialistas” e as mídias: “dirás o que penso, e virás comigo ao paraíso”. Por paraíso, entenda-se uma boa divulgação para o próximo livro, um elogio na próxima edição, etc.

Os jornais devem ter uma listinha de intelectuais para pronta entrega de ideias. Eles têm como função assumir a opinião dos veículos, para camuflar o artigo como reportagem.

Os intelectuais à brasileira de padrão delivery mais batidos são: Marco Antonio Villa e Demétrio Magnolli. Mas há outros: uns mais outros menos discretos.

Um exemplo de intelectual delivery mais discreto é Leoncio Rodrigues. Toda vez que um jornalão quer dizer que o PT não é mais o mesmo, que Lula não é mais honesto, é o Leoncio que será chamado para, com seu poder de cartório, atestar a opinião do veículo.

Para falar mal do bolsa família, o ideal hoje é ouvir o Villa. Para dizer que o governo é chavista, nada melhor do que Magnolli. Mas para dizer que a inocência foi perdida, chame este senhor de cabelos grisalhos, de tom nostálgico, mas discurso bem afinado com o que quer a mídia.

Observe abaixo as declarações de Leoncio a quatro veículos diferentes.

Observe a surpreedente semelhança nos argumentos (”o que era antes não é mais agora”.) Observe ainda como parecem, como todo produto delivery, atender a um formato pre-estabelecido.

Afinal, a produção em escala deve seguir certos padrões.

VEÍCULO 01
Estudioso dos políticos e das classes trabalhadoras, o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, 69, vê um “descompasso” entre a “capacidade teatral” e a “capacidade de execução” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ressalva que ainda é muito cedo para julgamentos definitivos: “Apenas julgo que muito do que se propõe não sairá do papel”.

VEÍCULO DOIS
“A nova e a velha elite se uniram”
Leôncio Martins Rodrigues, entrevista a O Estado de S. Paulo, 22/06/09
Para Leôncio Martins Rodrigues, o desfiar de escândalos não punidos é fruto da aliança entre os grupos de Lula e de Sarney

VEÍCULO TRÊS
”Estão se lambuzando”

Cientista político diz que o PT ficou encantado com a ascensão social e abandonou a velha idéia de fazer a revolução

VEÍCULO QUATRO
Titulo: ‘Ao atacar a elite, Lula tenta agradar ao povão’
Data Publicação: 12/08/2007
CONTRADIÇÕES PETISTAS: Cientista político afirma que aumentou a participação das classes médias no poder O cientista político Leôncio Martins Rodrigues é um estudioso do movimento sindical e dos partidos brasileiros há mais de 40 anos. Desde a eleição do presidente Lula e da conseqüente expansão do PT, diz ele, tem havido uma espécie de elitização de grupos originários das classes médias assalariadas que chegaram ao poder. Para ele, Lula, ao atacar as elites, tenta agradar ao “povão” e se livrar de responsabilidades. Como podemos classificar elite no Brasil de hoje? Pelo poderio econômico, poder de decisão, pela influência política? LEÔNCIO MARTINS RODRIGUES: Não seria possível, aqui, uma…

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