Chanceleres sul-americanos discutirão bases dos EUA na Colômbia

da Folha Online
da France Presse, em Quito

O acordo pelo qual a Colômbia autorizaria os Estados Unidos a usarem suas bases militares será discutido neste mês em uma "reunião urgente" de chanceleres sul-americanos, segundo o documento assinado na antessala da Cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), nesta segunda-feira, em Quito.

Conforme fontes diplomáticas, a proposta deverá ser incluída na Declaração de Quito, que será assinada pelos líderes da América do Sul, em encontro que marca a transferência da presidência temporária da Unasul do Chile para o Equador. "No ânimo de fortalecer o diálogo e o consenso em termos de defesa mediante o fomento de medidas de confiança e transparência, convocam reunião urgente dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa", afirma o rascunho do texto.

Em Quito, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que os EUA querem usar as bases na Colômbia contra os "processos revolucionários" que estão nascendo na América e pediu que a Unasul aprove resolução que proíba a instalação de bases militares estrangeiras na região.

Em entrevista, o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou a posição do governo de Hugo Chávez ao afirmar que o acordo entre os EUA e a Colômbia é "uma grande bofetada no povo colombiano, em primeiro lugar". "Os povos têm direito de se defender [...], nós temos o profundo direito de garantir ao povo da Venezuela a estabilidade e a paz que gozamos".

O tema das bases dos EUA na Colômbia gera "uma tremenda preocupação para todos os nossos países", afirmou por sua vez Emilio Izquierdo, representante equatoriano na Unasul.

Bolívia, Equador e Venezuela rejeitaram o acordo entre Washington e Bogotá, sugerindo que o mesmo seria um "fator de desestabilização" na América do Sul. Argentina também manifestou suas reservas.

O Brasil protestou contra a falta de transparência do acordo, porém se esquiva da polêmica. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a antecipar sua saída de Quito com o objetivo de evitar quaisquer condenações formais ao acordo, de acordo com reportagem de Eliane Cantanhêde publicada na edição desta segunda-feira da Folha de S.Paulo (íntegra disponível para assinantes do jornal ou do UOL).

Para a Colômbia, o acordo é um assunto interno e não ameaça para outros países. O presidente colombiano, Alvaro Uribe, que não assistirá a Cúpula de Quito devido à crise que rompeu suas relações com o Equador, viajou semana passada a sete países sul-americanos --incluindo o Brasil-- para explicar o alcance do pacto militar com os EUA.

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