Um milhão de baitolagem



Multidão lota Beira Mar na 10a Parada da Diversidade
Fortaleza no ranking entre as maiores paradas gays do Brasil: avenida Beira-Mar estava lotada de ponta a ponta. Em sua 10a edição, a Parada da Diversidade Sexual reuniu, na noite de ontem, um milhão de pessoas pessoas para festejar as cores da igualdade: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e lilás. O brilho na avenida Beira-Mar foi além das cores da bandeira: “a parada representa as cores do arco-íris e a alegria de viver uma sexualidade livre, sem preconceitos. Passo o ano todo esperando esse dia”, disse o jovem Neto Shanton, 23. Comemorando uma década de realização, o evento trouxe avanços: a cidade é a terceira capital do Brasil a ter uma Coordenadoria de Políticas Públicas para Diversidade Sexual de Fortaleza. “Só há três no Brasil. Fortaleza está de parabéns na luta pela visibilidade homossexual”, frisou Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Com sete trios elétricos, a Parada da Diversidade Sexual é tida como um momento de celebração:

“temos que comemorar os avanços e continuar se mobilizando para sermos vistos como sujeitos de direitos. Vamos apresentar, em julho, um projeto para a municipalização das políticas de atendimentos para Centros de Referências específicos para o público gay”, frisou a coordenadora de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual de Fortaleza, Mitchele Meira. Durante o ato, a Prefeitura de Fortaleza realizou pesquisa sobre homofobia: “essa pesquisa é inédita em Fortaleza e nos ajudará a conhecer melhor os participantes da Parada”, ressaltou Mitchele Meira. Ontem se comemorou o dia municipal da Consciência Homossexual por conta da Lei nº 8.626 de 2002.

Vestida com as cores da ‘bandeira gay’, a madrinha da 10ª Parada foi Vânia Dutra, a ex-presidente da Associação das Primeiras Damas do Ceará. Passando a faixa para anfitriã, Lena Oxa, madrinha de 2008, deu início a festa que começou por volta das 15h. Apesar de toda a festividade, brilho e glamour, a transformista Jéssica lamenta não ser respeitada diariamente: “temos que ser queridas todos os dias. Quando a festa acaba tudo volta ao normal e os preconceitos continuam a acontecer”, disse enquanto desfilava com uma fantasia provocante. Entre tantos gays assumidos, travestis enfeitados e muitos ‘simpatizantes’, a parada festejou a igualdade de direitos com o lema “1969... 79... 89... 99... 2009... A luta pelos Direitos LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) continua”.

Pressionando a necessidade de maior visibilidade para os direitos dos homossexuais do Ceará, Elízio Loiola, assistente social do Grab, lembrou a violência que muitos ainda sofrem: “infelizmente os crimes de homofobia continuam a acontecer apesar de toda luta que fazemos. Temos que forçar a aprovação do projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006 que propõe a criminalização da homofobia”. Entre os anos de 1996 e 2006, cerca de 69 homossexuais foram assassinados no Ceará. Frequentadora da marcha há quatro anos, Iasmin Arraes, 19, lamentou o fato de muitas pessoas terem que se esconder: “muita gente tem receio de mostrar se é gay ou não. Espero que as novas gerações aceitem melhor as diferenças. Por que ter medo de algo que é tão bonito?”, questionou a jovem que vestia uma camisa rosa com os dizeres ‘Nova Geração’. Com a presença da prefeita Luizianne Lins, multidão fez um minuto de silêncio lembrando a impunidade dos crimes homofóbicos.

O evento contou com 200 guardas municipais e 400 policiais militares, divididos ao longo do trajeto dos trios.
Lembrando que nada vem sem a mobilização política, a coordenadora da Parada, Deidiane Souza, falou que o grande mérito desses 10 anos de Parada foi o aumento da auto-estima dos homossexuais: “a cada ano cresce o número de participantes que se orgulham de serem gays e de serem sujeitos de direitos que merecem respeito. A cidadania do movimento vai sendo construída continuamente”.

Chamando atenção por onde passava a transformista Jéssica, que veio de Belém do Pará para participar da Parada, soltava sorriso a todos que lhe cumprimentavam e soltavam cantadas: “Hoje é meu dia de princesa, deixa eu curtir”, riu.

Penso eu: É maravilhoso ver tanta gente assim saindo do armário. Isso acaba diminuindo o ridículo da homofobia. A cada baitola que se mostra é um discriminado a menos porque fortalece o movimento que segundo o Jornal O Estado, pai da matéria aí acima afirma "Fortaleza é a terceira capital a ter uma coordenadoria específica".

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