Piero Locatelli
Do UOL Notícias
Em Brasília
Em decisão unânime tomada durante reunião na manhã desta terça-feira (28), líderes partidários da Câmara dos Deputados aprovaram o ato que regula o uso de passagens aéreas na Casa. Agora, a medida não precisa mais ir ao plenário para ser confirmada, onde seria submetida ao sufrágio de todos os congressistas. As novas regras restringem parcialmente o uso de passagens da cota que o Congresso paga a cada parlamentar. As medidas surgem depois da divulgação de vários escândalos no uso de passagens por parentes de deputados, fatos que acabaram ganhando a alcunha de "farra aérea".
Na semana passada, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), divulgou um ato com novas regras para o uso de passagens aéreas por deputados. Temer havia dito que as medidas seriam implementadas automaticamente, mas recuou da decisão após a pressão de deputados do baixo clero e afirmou que levaria a decisão ao plenário.
Porém, na última segunda-feira (27 de abril), o presidente da Casa falou informalmente com líderes por telefone e recuou de levar a decisão ao voto no plenário, como forma de evitar mais desgastes na imagem da Câmara.
Hoje, o deputado se esquivou das perguntas sobre a mudança nas regras. "O recuo da semana passada foi para avançarmos. Não houve um partido que achasse necessário [levar a questão ao plenário]." E completou: "Nunca houve farra de passagens. Houve um sistema normativo anterior que autorizava as passagens ao parlamentar", disse.
O ato proposto por Temer impede o uso direto de passagens por familiares dos congressistas. A família, porém, poderá continuar usando as milhagens dos deputados
A decisão também restringe parcialmente o uso de passagens ao exterior. Agora, será necessária a autorização de um integrante da Mesa Diretora para que o deputado possa viajar para fora do país. Viagens de assessores também estarão submetidas à mesma regra.
Também fica impedido o acúmulo de créditos para passagens após a saída do deputado do cargo. Esse caso específico veio à tona após o uso de passagens por ministros que eram deputados antes de exercerem cargos no Executivo. Além disso, a decisão de hoje reprova uma cota especial para líderes partidários e integrantes da Mesa Diretora, prevista na primeira versão do ato, na semana passada. Se o parlamentar não utilizar totalmente a cota, o crédito retorna imediatamente para a Câmara. Os deputados terão que disponibilizar na internet, em 90 dias, a movimentação detalhada da cota de passagens.
O Senado aprovou proposta semelhante à da Câmara em plenário na última quarta-feira.
As passagens foram o estopim de uma crise na Câmara após a divulgação de uma lista pelo site "Congresso em Foco". A relação continha nomes de mais de 200 deputados que viajaram ao exterior bancados por verba da Casa nos anos de 2007 e de 2008.
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