Aqui, o relato dramático do brasileiro humilhado e deportado pela Espanha

Gostaria de partilhar meu sentimento de brasileiro, aquele que acredita no Brasil, um patriota, um nacionalista. Sou engenheiro civil de formação, nascido no Rio de Janeiro, criado em Brasília e morando atualmente em São Paulo capital.Minha família vivenciou momentos trágicos nessas poucas horas que passamos em Barajas-Madri no último sábado. Não sou “marinheiro de primeira viagem” internacional, e portanto, todos os cuidados foram devidamente tomados quanto a cautela e obediência às leis impostas pelos países visitados e pela experiências das inúmeras viagens internacionais. Ao longo de minha vida visitei uma dezena de vezes os EUA, duas vezes Paris e minha última viajem foi pela Inglaterra, França, Suíça e Itália (2007), e jamais pensei na truculência e falta de direitos humanos da polícia espanhola. Essa viagem de férias, programada desde janeiro deste ano previa uma estada de 20 dias por território europeu. Nada demais; destino para Barcelona na casa de um amigo espanhol de nascimento, uma rápida passagem por Madri e talvez um pulo em Roma. Gostaríamos de aproveitar todo o conhecimento de nosso amigo nativo para otimizar todas as dicas possíveis não só da Espanha, como também, garantir um conforto, melhor alimentação para nosso filho de 4 anos. Chegamos em Madri por volta das 11h30, horário local. Começou nosso martírio no guichê da imigração. Primeiramente ali mesmo, o funcionário duvidou da veracidade do passaporte. Fizemos uma primeira entrevista uma hora após o desembarque. Fomos informados que só a partir das 16h iríamos fazer a entrevista definitiva na presença de um advogado disponibilizado por eles próprios. Mantive a minha fé, haja vista que apresentei anteriormente, meu antigo passaporte com as entradas em território europeu para que não houvesse suspeita quanto à veracidade e retorno ao Brasil. Fomos levados para uma sala onde fomos revistados, tomados todos os pertences pessoais e nada nos restou. Uma sala de 50m2, 20 pessoas, 2 banheiros, um bebedouro e só. Nossa primeira refeição aconteceu às 15h. (dá para imaginar a qualidade) Tivemos que implorar ao oficial do dia um lanche para nosso filho Felipe. Quando fomos para a segunda sala, pouco tempo depois, a funcionária perguntou quem gostaria de comprar cartão telefônico. Nesse momento, entramos em contato com o Brasil, com nosso amigo espanhol e lamentavelmente, não conseguimos contato humano com o consulado em Madri, somente a voz eletrônica. Enfim, a entrevista por volta das 16h30 na presença de um advogado indicado por eles, uma fraude. Apresentei os bilhetes de volta, todo nosso dinheiro (que eles entenderam pouco - 3.200,00 euros), cartões de crédito e seus limites, seguro saúde emitido pelas empresas as quais trabalhamos e uma carta emitida por nosso anfitrião, um pouco diferente do padrão conforme a regra espanhola, mas com todas as informações suficientes do anfitrião para garantir nossa idoneidade. Perguntaram sobre a minha profissão/remuneração, nome da empresa e etc. Mesmo interrogatório feito para minha esposa e cunhada. Explicamos que trabalhamos em grandes grupos econômicos (minha cunhada Marilu na TIM, esposa Marluce Rosado na Odebrecht e eu na CALL Tecnologia) com vistas a ratificar que temos emprego fixo, casa própria no Brasil e que não éramos ameaça. Reforcei minhas entradas em outros países para que não pairasse dúvidas quanto ao compromisso com o retorno ao Brasil. Pensei que houvesse um pouco de bom senso, civilidade e direitos humanos, afinal, estamos na era da informação, internet, enfim acredito que a polícia espanhola possua um sistema de inteligência de fácil checagem das informações sobre o passageiro. Basta o número do cartão de crédito, passaporte que todas as informações possíveis para comprovar que não éramos ameaça. Uma ingenuidade da minha parte. Acreditava que o pesadelo estava prestes a terminar, afinal, todas as informações estavam ali, bastava um pouco de boa vontade. Recebemos então a notícia que seríamos não deportados, mas inadmitidos na Espanha. Uma mentira, senão, eles não tinham carimbado nosso passaporte. Fizemos um novo contato com nosso anfitrião, que encaminhou para a polícia em Barajas nova carta, contra-cheques ratificando que era o responsável por nós. Nem com o apelo de um espanhol eles deram algum direito a nós. Minha indignação está com a falta de postura do governo brasileiro e com os critérios de entrada na Espanha, onde presenciamos brasileiro com reserva em hotel e também foi deportado. Todos os dias brasileiros retornam ao Brasil da mesma forma. Existem problemas até com comissários aéreos. O desdém, a subserviência dos nossos líderes que se curvam e ainda defendem interesses que me soam próximos à tirania, de um governo que se diz de primeiro mundo. O que está em jogo aqui são os direitos humanos, o direito de defesa que em momento algum tivemos. É isso que não vejo e não li. Se a polícia espanhola não tem bom senso, que se lembre que existem direitos humanos. No mínimo o governo brasileiro deveria se preocupar com isso. Fomos tratados como terroristas, delinqüentes, genocidas, escória. Vi meu filho passar fome! Até ao banheiro éramos escoltados por policiais armados.
Uma terrível humilhação em sermos escoltados por policiais armados até a porta do avião na presença dos demais passageiros; imagina a vergonha e a humilhação? Os passaportes foram entregues ao funcionário TAM. Os mesmos foram entregues à Polícia Federal já no Brasil, fora do avião. Nesse momento é que vimos o carimbo de deportação em nossos passaportes. Enfim, esse é um desabafo de alguém que viveu poucas e boas em um território que achava hospitaleiro, mas percebi que não existem direitos universais humanos, mas sim, direitos unilaterais, tiranos, indolentes e terroristas praticados pela polícia espanhola; depois falam da nossa. Não acredito que isso seja a essência espanhola. Espero que nosso governo se pronuncie positivamente para que a Espanha no mínimo se retrate contra os maus tratos aos brasileiros, sua postura truculenta e arrogante, esclareça melhor seus critérios de entrada no país e ao menos cumpra os requisitos dos Direitos Humanos que estão acima das leis de um país. Então que se institua o visto espanhol e o filtro seja aqui no Brasil pela própria embaixada espanhola e não lá. Que o Ministério do Turismo faça uma campanha positiva, saia do muro, informe melhor o turista e que esse caso não fique impune. Ao MRE, mais ação para nos defender, para defender os interesses do nosso país. A questão financeira, o prejuízo de mais de R$ 10.000,00 em passagens é pífio próximo ao prejuízo moral.

Márcio Menezes
São Paulo (SP)

Penso eu: Minha esperanca repousa na postura de policiais federais brasileiros como aquele que deportou vagabundos espanhois aqui em Fortaleza. Faz-se necessaria acao seria, principalmente de gente que ama seu Pais e seu povo, como Federais que eu conheco, patriotas, honestos, corajosos.

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